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Ribeira. Foto: Helena Geraldes (arquivo)

Projecto de conservação liberta cerca de 600 peixes em ribeiras de Sintra e Monchique

Para recuperar as populações ameaçadas de boga do Sudoeste e de escalo do Sul, um projecto de conservação está a libertar 560 peixes na ribeira de Colares (Sintra) e na ribeira de Odelouca (Monchique).

 

No dia 20 de Abril foram libertados 60 escalos do Sul (Squalius pyrenaicus) na ribeira de Colares, segundo um comunicado do Aquário Vasco da Gama, uma das entidades que participam no projecto “Conservação ex situ de organismos fluviais”. O grande objectivo desta iniciativa – que junta também a Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza e a Faculdade de Medicina Veterinária – é “reproduzir e manter espécies ameaçadas de água doce da fauna e flora portuguesas, para posterior libertação”.

O escalo do Sul é uma espécie endémica da Península Ibérica e, em Portugal, está classificada Em Perigo. Ocorre a Sul da bacia hidrográfica do Tejo e em algumas pequenas ribeiras da região Oeste. Segundo o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, a espécie está ameaçada por causa da degradação do habitat, especialmente pela construção de barragens, captação de água, poluição e competição com espécies exóticas.

No próximo sábado, dia 27 de Abril, serão libertados 500 bogas do Sudoeste (Iberochondrostoma almacai) na ribeira de Odelouca. Esta é uma espécie classificada Criticamente Em Perigo e apenas existe em Portugal, mais concretamente nas bacias hidrográficas dos rios Mira e Arade. O mesmo livro indica que a espécie está ameaçada pelas albufeiras Arade e Funcho que “terão causado uma perda importante da área de ocupação disponível para a espécie”.

Todos os peixes foram criados em cativeiro e são descendentes de animais capturados nas mesmas ribeiras onde estão a ser libertados.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.