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Foto: Pixabay

Quercus defende combate a espécies exóticas invasoras marinhas

No Dia Internacional do Mar, que hoje se comemora, a Quercus defende medidas proteger os oceanos das espécies exóticas invasoras. Este é um problema agravado pelas cerca de 3 a 5 mil milhões de toneladas de águas de lastro que são transferidas pelos navios todos os anos.

 

“As espécies introduzidas em meios marinhos é um dos maiores desafios que o sector do transporte marítimo enfrenta”, disse hoje em comunicado a Quercus – associação nacional de conservação da natureza. A introdução de espécies não indígenas potencialmente invasoras, em meio marinho, foi identificada pelas Nações Unidas como um dos maiores perigos ambientais nos ecossistemas marinhos.

Este problema é agravado pelas águas de lastro, usadas para manter a estabilidade, balanço e integridade estrutural dos navios.

“Quando a água de lastro é obtida no porto (de origem), muitos organismos marinhos (incluindo microrganismos pelágicos e fases larvares planctónicas de espécies betónicas maiores) e sedimentos são introduzidos nos tanques. Muitos desses organismos têm a capacidade de sobreviver nos tanques, e quando a água de lastro é libertada no porto (de destino), também esses organismos são libertados num novo ambiente”, explica a associação. “Se existirem condições adequadas no ambiente onde os organismos foram libertados, as espécies não indígenas podem sobreviver, reproduzir-se e eventualmente tornar-se espécies invasoras, destruindo os ecossistemas costeiros, marinhos e estuarinos.”

Estima-se que, todos os anos, cerca de três a cinco mil milhões de toneladas de águas de lastro são transferidas pelos navios. Isto acontece quando as cargas são desembarcadas e quando os navios querem reduzir o seu peso e entrar nos portos.

Para tentar responder a este problema, numa altura em que o tráfego marítimo internacional está a aumentar, entrou em vigor em Portugal, a 8 deste mês, a Convenção da Organização Marítima Internacional (OMI) para o Controlo e Gestão das Águas de Lastro e Sedimentos dos Navios.

Este documento quer “prevenir, minimizar e, por último, eliminar a transferência de organismos nocivos e agentes patogénicos”, na sequência do aumento do comércio e do tráfego marítimo internacional, em volume, no decurso das últimas décadas. Para a Quercus, “a entrada em vigor desta Convenção é um passo fundamental na redução da invasão das espécies não indígenas, a nível local, regional e global”.

De acordo com as normas da Convenção, todas as embarcações em tráfego marítimo internacional deverão ter um livro de registo e um plano de gestão das suas águas de lastro e sedimentos. A Convenção também prevê vistorias, certificação e inspeções aos navios e “exigirá dos portos um maior controlo e responsabilização na troca e tratamento das águas de lastro e sedimentos dos navios”.

“A Quercus apoia a implementação efetiva desta Convenção internacional, aguardando que a sua entrada em vigor incentive o Governo Português, os portos e os navios que navegam em águas nacionais (e não só) a tomar as medidas necessárias contra as espécies exóticas invasoras que são uma ameaça global à saúde dos oceanos e mares, podendo causar impactes devastadores em termos ambientais, assim como económicos e de saúde pública.”

A associação defende como prioritária a “atualização da lista e a caracterização da introdução de espécies marinhas não indígenas e potencialmente invasoras por dispersão em água de lastro em Portugal”.

Esta ano, o Dia Internacional do Mar tem como tema “Ligando navios, portos e pessoas”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.