Robô submarino descobre polvo que faz lembrar Gasparzinho, o fantasminha

As imagens transmitidas pelo ROV (veículo operado remotamente) Deep Discoverer, a mais de 4.000 metros de profundidade no oceano junto ao Havai, surpreenderam os investigadores: um polvo que poderá ser novo para a Ciência, parecido ao personagem Gasparzinho, o fantasminha.

 

O animal foi encontrado a 27 de Fevereiro, durante a primeira expedição do navio Okeanos Explorer deste ano, cujo objectivo era explorar o fundo do mar, a mais de 4.000 metros, a Norte da Ilha Necker (Mokumanamana), no arquipélago do Havai.

Quando o ROV (veículo operado remotamente) Deep Discoverer estava numa zona plana a 4.290 metros de profundidade, encontrou um espantoso pequeno polvo numa rocha coberta por uma fina camada de sedimentos.

 

O ROV aproxima-se do polvo, a 4.290 metros de profundidade
O ROV aproxima-se do polvo, a 4.290 metros de profundidade

 

Este animal não era parecido com nenhuma espécie descrita. Além disso, este tipo de cefalópode nunca tinha sido observado a mais de 4.000 metros de profundidade.

O polvo era especialmente raro porque não tinha qualquer pigmento, fazendo lembrar o personagem Gasparzinho, o fantasminha da banda desenhada publicada pela primeira vez em 1949 e depois, em 1995, transformada em filme.

 

 

“É quase certamente uma espécie ainda não descrita e pode não pertencer a nenhum género descrito”, afirma em comunicado Michael Vecchione, do Serviço de Pescas Marinhas da NOAA (agência norte-americana para a Atmosfera e Oceanos).

Depois de ter visto este polvo, Michael Vecchione contactou dois investigadores que concordaram que este era um caso muito pouco usual. Por isso, está a ser preparada uma investigação científica para saber se esta é mesmo uma nova espécie.

O navio Okeanos Explorer é o único navio financiado pelo Governo norte-americano para explorar, de forma sistemática, o oceano ainda desconhecido e contribuir para melhorar o conhecimento científico. Desde que começou com a sua missão, em 2008, o navio já viajou pelo mundo, desde as Galápagos, às Caraíbas, passando pelo Golfo do México e costas atlânticas.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Veja aqui as imagens captadas pelo ROV.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.