Atum. Foto: Danilo Cedrone/FAO

Estes são os 10 maiores problemas dos oceanos a resolver

No Dia Nacional do Mar, celebrado a 16 de Novembro, a Quercus sugere os 10 maiores problemas dos oceanos que precisamos resolver. A captura excessiva de espécies é um deles.

 

Neste dia, a Quercus pede aos responsáveis políticos “que acelerem e tornem mais ambiciosos os planos para a criação de Áreas Protegidas Marinhas e que invistam fortemente na redução das fontes de poluentes marinhos”.

Os oceanos estão a ficar mais pobres, com menos diversidade de espécies. O bacalhau nas águas do Canadá e a sardinha em Portugal são os dois exemplos apontados hoje pela Quercus – Associação Nacional de Conservação da Natureza.

Em comunicado, esta associação defende uma maior gestão da pesca, principalmente “a definição das dimensões dos animais ou da época de captura”, para evitar a captura de juvenis ou fêmeas com ovos. No caso da sardinha em Portugal, a Quercus defende a suspensão da captura “já este ano”.

A captura excessiva de espécies com ciclos de vida longos, como tubarões e atuns, são um dos graves problemas dos oceanos. Estes animais são capturados para culinária de luxo ou terapias alternativas para tratamentos de saúde. “As espécies no topo das cadeias alimentares têm, normalmente, um ciclo de vida mais longo, com reprodução mais espaçada, logo menos resistente à recuperação das espécies”, explica a Quercus.

A par da captura em excesso, muitos animais estão a ver os seus habitats serem destruídos. “Existem habitats muito importantes como local de abrigo para a reprodução – por exemplo as pradarias marinhas e as florestas marinhas – que estão a ser destruídos por várias causas, entre as quais a utilização de artes de pescas agressivas como a pesca de arrasto.”

A seguir, a associação lembra a aquacultura intensiva de peixes e bivalves, especialmente nas águas da Ásia. Esta produção, que usa antibióticos e outros produtos químicos, “alguns deles tóxicos para o ecossistema”, promove a “proliferação de agentes poluentes nas águas marinhas”.

Além destes produtos químicos, os oceanos estão a receber o lixo das praias e dos rios e ribeiras. Actualmente, 80% da poluição marinha tem origem em terra, “com consequências desastrosas na biodiversidade marinha”, considera a Quercus. “Estima-se que oito milhões de toneladas de lixo por dia chegam aos oceanos por ação do Homem”, sublinha. De todo este lixo, os plásticos são a situação mais grave. Estes vão-se “fragmentando em partículas mais pequenas, os microplásticos”, e são confundidos com alimento por muitas espécies marinhas.

Mas não são apenas os plásticos a preocupar a associação. Esta salienta os “muitos fertilizantes e pesticidas utilizados sistematicamente na agricultura” e que acabam por ir parar ao oceano. “Alguns desses produtos provocam alterações irreversíveis e fatais para as espécies. Por exemplo, afetam no processo de reprodução. Além disso, se ingeridos pelo ser humano podem trazer problemas de saúde”.

As elevadas concentrações de mercúrio são outro dos problemas, que podem causar “doenças graves nos seres vivos e no Homem”. A associação aconselha cuidado no consumo de peixes como o peixe-espada preto e o atum, por exemplo, porque o poluente se acumula na cadeia alimentar.

A Quercus lista também as obras de engenharia e extracção de petróleo, que estão a alterar o meio marinho e a produzir poluentes, a acidificação dos oceanos e dos recifes de corais – por causa das alterações climáticas e das alterações do Ph das águas – e o aquecimento das águas. “O aumento da temperatura dos mares causa imensas alterações nos ecossistemas marinhos, com consequências gravosas e letais para muitas espécies. É também responsável por alteração de rotas migratórias provocando desequilíbrios nas cadeias alimentares.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.