Satélite vai avaliar a saúde das plantas e da água na Terra

As imagens do primeiro mês de actividade do novo satélite europeu Sentinel-2A, lançado no dia 23 de Junho, foram agora divulgadas publicamente pela Agência Espacial Europeia (ESA).

 

O Sentinel-2A é o segundo satélite a ser lançado para o espaço, no âmbito do programa europeu de monitorização ambiental Copernicus.

“A informação do Sentinel-2 pode ajudar organismos governamentais e empresas a tomarem decisões informadas sobre como melhor gerir, proteger e sustentar os nossos importantes recursos florestais”, afirma a agência espacial.

Através da sua câmara multi-espectral, o novo satélite permite detectar mudanças na superfície terrestre, incluindo o estado de saúde das plantas, o que vai ter aplicação na monitorização de florestas e dos ritmos de desflorestação e reflorestação, tal como no estudo dos efeitos de fogos florestais.

 

Imagem captada pelo satélite a 4 de Julho, na laguna de Veneza (Itália), que mostra  a deslocação dos sedimentos nas águas costeiras. Foto: ESA
Imagem captada pelo satélite a 4 de Julho, na laguna de Veneza (Itália), que mostra a deslocação dos sedimentos nas águas costeiras. Foto: ESA

 

Outro objectivo do novo aparelho é detectar alterações nos corpos de água, incluindo a qualidade para consumo humano ou para fins de lazer. Os dados captados vão ser utilizados também no âmbito da Convenção Ramsar, que monitoriza zonas húmidas de importância internacional por todo o planeta.

As produções agrícolas vão estar igualmente na mira do Sentinel-2, que tem capacidade para distinguir colheitas agrícolas diferentes e o seu estado de saúde.

De acordo com a ESA, a recolha de imagens do novo satélite recorre a 13 diferentes bandas de espectro, “levando a monitorização da Terra a níveis nunca antes alcançados”, e dando acesso a informação chave sobre o estado da vegetação no planeta.

 

Imagem captada a 6 de Julho perto de Toulouse (França), que distingue entre colheitas de girassol (a laranja) e de milho (amarelho). Foto: ESA
Imagem captada a 6 de Julho perto de Toulouse (França), que distingue colheitas de girassol (a laranja) e de milho (amarelho). Foto: ESA

 

A partir do próximo ano, o Sentinel-2A vai ser acompanhado no espaço pelo Sentinal-2B. O objectivo é permitir a captação das mesmas imagens com um intervalo de apenas cinco dias. Isso vai tornar possível, por exemplo, acompanhar atentamente a evolução dos glaciares e analisar o ritmo a que se alteram.

Para já, o novo aparelho da ESA não entrou ainda na órbita que vai operar e está a ser calibrado para captar imagens com a máxima resolução. Prevê-se a entrada em plena operação para meados de Outubro.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.