Seis guardas da natureza mortos em santuário de gorilas da montanha

Cinco guardas da natureza e um motorista morreram hoje numa emboscada no Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo, onde vive o criticamente ameaçado gorila da montanha.

 

Um outro guarda da natureza ficou ferido neste ataque que aconteceu na zona Central desta vasta reserva, conhecida mundialmente pela sua população de raros gorilas da montanha.

 

 

A direcção do parque emitiu um comunicado onde expressa uma “profunda tristeza” pelo ataque à sua equipa de guardas, quando seguiam num veículo entre as zonas de Lulimba e Ishasha, perto da fronteira com o Uganda, informou à agência AFP o porta-voz do parque Joel Malembe.

Este foi um dos piores episódios na história do parque nacional. Nos últimos 15 anos, 140 guardas da natureza foram assassinados enquanto protegiam os animais selvagens deste santuário, segundo números da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

A 1 de Abril, um ataque por homens armados causou a morte de um outro guarda do parque, Faustin Biriko Nzabakurikiza. “Faustin era um jovem guarda altamente dedicado e corajoso”, escreveu a direcção do parque.

O Parque Nacional de Virunga, criado em 1925, tem uma área de 7.800 quilómetros quadrados. É aqui que vive uma das maiores populações de gorilas da montanha, espécie Criticamente Em Perigo de extinção. Na verdade, um quarto da população mundial desta espécie vive em Virunga, lado a lado com elefantes, hipopótamos, chimpanzés e outras espécies.

A Guerra Civil no Congo “prejudicou gravemente a sua população de animais selvagens”, segundo o parque nacional. Os seus animais, incluindo os gorilas da montanha, precisam ser protegidos todos os dias de grupos rebeldes armados, que tentam controlar territórios e recursos naturais naquela zona, e de caçadores furtivos. Além disso, vivem numa floresta que está a ser ameaçada pela indústria do carvão.

A República Democrática do Congo é, a par da Índia, Tailândia, Quénia, um dos países que registaram um maior aumento do número de mortes de guardas da natureza, nos últimos anos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.