Fêmea e crias no CNRLI. Foto: Joana Bourgard/Wilder (arquivo)

Silves conseguiu 13 das 37 crias de lince-ibérico de 2017

Este ano, o programa de reprodução em cativeiro do lince-ibérico, espécie Em Perigo de extinção, conseguiu um total de 37 crias em Portugal e Espanha. Destas, 13 nasceram no único centro português desta rede, em Silves.

 

Estes números, divulgados no final de Julho pelo Programa ibérico de Conservação Ex-situ, – passado o período mais crítico das crias que corresponde aos primeiros 60 dias de vida – encerram a temporada reprodutora 2016/2017.

Nesta temporada nasceram em Portugal e em Espanha 45 crias no total mas oito acabaram por morrer, duas das quais no Centro Nacional de Reprodução do Lince-Ibérico (CNRLI), em Silves. Segundo os responsáveis pelo programa, uma cria morreu no seguimento de “possível infecção por corpo estranho na cavidade torácica” e a outra em “consequência de um traumatismo severo por mordeduras”.

O CNRLI conseguiu 13 crias, o centro de Zarza de Granadilla (Cáceres) conseguiu 11, seguido por La Olivilla (Jaén) com nove e El Acebuche (Huelva) com quatro. O Zoo de Jerez (Cádiz) acabou por perder as duas crias que ali tinham nascido.

O centro português tentou a primeira inseminação artificial numa fêmea de lince-ibérico, Juromenha, mas a intervenção não teve êxito. O programa de conservação ex-situ adianta que os peritos vão “continuar a trabalhar nesta linha nas próximas temporadas reprodutoras”, tendo em vista ajudar a conservação da espécie.

A estas 37 crias junta-se uma outra que chegou a El Acebuche em meados de Abril, vinda da população selvagem de Doñana.

Segundo o programa de conservação ex-situ, a percentagem de sobrevivência das crias foi de 84%, um valor superior à média dos 13 anos do programa, de 75%, e quase igual à registada no ano passado (83%).

Na temporada anterior, o programa registou 58 nascimentos, com 48 crias sobreviventes, 10 das quais no CNRLI.

O lince-ibérico é uma espécie classificada desde 22 de Junho de 2015 como Em Perigo de extinção, depois de anos na categoria mais elevada atribuída pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), Criticamente em Perigo.

Actualmente existem 483 linces-ibéricos na natureza, segundo os resultados definitivos do censo de 2016, revelados a 30 de Março passado pelo programa Iberlince. A maioria, 397, está nas populações da Andaluzia (Doñana-Aljarafe e Serra Morena: Guadalmellato, Guarrizas e Andújar-Cardeña). Além destes 397 animais, 19 vivem em Portugal, no Vale do Guadiana; 28 em Matachel (Badajoz), 23 em Montes Toledo (Toledo) e 16 na Serra Morena Oriental.

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Siga a nossa série “Como nasce um lince-ibérico” e conheça os veterinários, video-vigilantes, tratadores e restante equipa do Centro Nacional de Reprodução (CNRLI) em Silves. E saiba como é cuidar dos linces no Vale do Guadiana.

 

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.