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O "Sobreiro assobiador" que venceu a competição europeia em 2018. Foto: UNAC

Sobreiro português lidera corrida a Árvore Europeia do Ano

Dizem que é o sobreiro mais antigo do mundo e também o maior e mais produtivo, assim classificado pelo Guiness Book of Records. A árvore que representa Portugal no concurso para Árvore Europeia do Ano (European Tree of the Year) está na aldeia de Águas de Moura, no concelho de Palmela, Alentejo.

 

E para já, é este ‘sobreiro assobiador’ – como é conhecido – que está à frente na votação, com 17.928 votos registados nesta segunda-feira, 19 de Fevereiro. Seguem-se o “ancião das florestas de Belgorod”, um carvalho da Federação Russa, com 15.055 votos, e os “ulmeiros ancestrais” de Cabeza Buey, em Espanha, com 13.039 votos.

O objectivo da Árvore Europeia do Ano é “destacar a importância das árvores antigas na herança cultural e natural”, explica o site da iniciativa, promovido pela Environmental Partnership Association desde 2011.

“Ao contrário de outros concursos, a Árvore Europeia do Ano não se foca na beleza, no tamanho ou na idade da árvore, mas sim na sua história e conexões com a as pessoas. Procuramos árvores que se tornaram parte de uma comunidade maior.”

O período de votação, que se realiza online, está aberto a todos os interessados. Quem quiser votar tem de fazê-lo até ao final do mês, escolhendo obrigatoriamente as suas duas árvores favoritas entre as 13 que estão a concurso. O vencedor vai ser anunciado numa cerimónia no Parlamento Europeu a 21 de Março, Dia Internacional das Florestas.

 

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Foto: UNAC

 

Chamam-lhe ‘sobreiro assobiador’ “devido ao som produzido quando as muitas aves que pousam na sua copa enorme começam a cantar, o que acontece em especial ao final da tarde”, explicou à Wilder Nuno Calado, secretário-geral da UNAC-União para a Floresta Mediterrânica, organizadora da participação portuguesa.

As pessoas da aldeia de Águas de Moura chamam-lhe também ‘casamenteiro’, pois dizem que dá sorte a quem se casar à sua sombra. Uma sombra que tem um grande alcance, uma vez que a copa tem quase 30 metros de diâmetro e a árvore mede mais de 16 metros, o equivalente a um terceiro andar.

Hoje com uma idade de 235 anos, a árvore foi plantada em 1783, quando D. Maria I reinava em Portugal e tinham passado menos de 30 anos desde o grande sismo. Mas foi só em 1820 que o ‘sobreiro assobiador’ forneceu cortiça pela primeira vez, o que acontece de nove em nove anos.

Desde então, já foi descortiçado mais de 20 vezes. A última aconteceu em 2009, quando o resultado foram 825 quilos de cortiça ‘crua’, suficiente para as rolhas de 100.000 garrafas, indica o Guiness Book of Records. Em média, um sobreiro produz cortiça suficiente para cerca de 4.000 garrafas.

“Escolhemos o sobreiro por ser um símbolo nacional. Dentro desta espécie, teria de ser o ‘sobreiro assobiador’, uma vez que é emblemático”, explicou Nuno Calado. O secretário-geral da UNAC lembrou ainda que a espécie Quercus suber é “uma árvore estrutural para os produtores” desta organização, que representa organizações de produtores florestais dos concelhos a sul do rio Tejo.

Desta vez, a árvore portuguesa foi seleccionada pela UNAC, por ser a primeira vez que Portugal entra nesta competição, e por isso ser “um ano zero, um ano em que ainda estamos a experimentar como corre”, disse também.

Quanto à próxima edição, já se vai realizar em moldes diferentes, assegurou. “No fim deste ano vamos ter um concurso a nível nacional, como acontece nos outros países que participam na competição europeia.” Desta etapa, sairá o concorrente à Árvore Europeia do Ano 2019.

 

[divider type=”thin”] Saiba mais.

Conheça a história do carvalho-alvarinho que foi a Árvore Europeia do Ano 2017.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.