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Foto: Pixabay

WWF avisa: há uma forte contaminação de baleias no Mediterrâneo por ftalatos

No Dia Mundial dos Oceanos, que se celebra esta quinta-feira, a WWF divulgou os resultados de um estudo científico que demonstra que os cetáceos do Mediterrâneo estão a ficar fortemente contaminados por ftalatos, componentes comuns ligados ao plástico e considerados tóxicos para humanos e animais.

 

Cientistas analisaram biópsias de quase 100 mamíferos marinhos de três espécies de baleias encontradas no Santuário de Pélagos, a maior área marinha protegida do Mediterrâneo, situada entre a Itália, França e Sardenha.

Os resultados desta investigação, que dão também uma imagem da situação dos cetáceos em todo o Mar Mediterrâneo, são preocupantes. O aviso da WWF foi divulgado esta quinta-feira, um dia antes da conclusão da primeira Conferência ONU sobre Oceanos.

Em causa está “uma forte contaminação dos cetáceos” analisados provocada por ftalatos, um componente plástico muito utilizado em embalagens, cortinas de banho, cabos, medicamentos e pinturas, entre outros objectos de uso comum, detalha a organização ambiental. Os ftalatos também podem ser encontrados em vernizes de unhas, lacas e perfumes.

A concentração média de DEHP (o ftalato mais tóxico) encontrada no tecido seco das baleias foi de 1.060 partes por milhão (PPM) por cada quilograma, explica a WWF, que alerta que os níveis de concentração deste produto já são considerados altos a partir das 300 PPM por quilo.

A baleia-piloto-de-aleta-longa (Globicephala melas), o cachalote (Physeter macrocephalus) e a baleia-comum (Balaenoptera physalus) foram as espécies de cetáceos examinadas.

Desde há vários anos que os cientistas concluíram que os ftalatos têm possíveis efeitos negativos sobre a fertilidade e o desenvolvimento dos fetos. Alguns destes materiais são considerados cancerígenos.

“O Mar Mediterrâneo é asfixiado todos os dias pela pintura, por produtos cosméticos e pelas bolsas de plástico. A nossa sociedade produz toneladas de plástico com efeitos irreversíveis nos nossos oceanos”, sublinhou o líder da Iniciativa Marinha Mediterrânea da WWF, Giuseppe Di Carlo.

“No Dia Mundial dos Oceanos, apelamos aos consumidores, à indústria, aos governos e às cidades costeiras para eliminarem o uso de plástico, assim como a recolher e a reciclar os resíduos de plástico.”

O Mar Mediterrâneo está classificado como a sexta região com maior acumulação de resíduos plásticos do mundo. Estima-se que entre 1.000 e 3.000 toneladas de plástico flutuam nas águas superficiais.

Por todo o mundo, calcula-se que todos os dias entre 4,8 e 12,7 milhões de toneladas entram nos oceanos, dos quais 93%provenientes de consumo, acrescenta a organização internacional. No total, quase 269.000 toneladas de lixo plástico andam à deriva , formados por 5.000 milhões de partículas que vão ficando cada vez mais pequenas, mas demoram séculos a desintegrar-se.

 

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Saiba mais.

Leia sobre a campanha que foi lançada este ano pela ONU para eliminar o plástico dos oceanos.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.