lobo ibérico
Lobo ibérico conservado no Museu de História Natural, Lisboa. Foto: Joana Bourgard

WWF lança campanha contra perseguição ao lobo-ibérico em Espanha

A organização WWF Espanha lançou hoje a campanha “Marca o território pelo lobo”, através da qual pede aos cidadãos 20.000 assinaturas pelo fim da perseguição ao lobo-ibérico naquele país.

 

Esta campanha, lançada na Internet, surge depois do recente anúncio da Junta de Castela-Leão de matar quatro lobos a Sul do rio Douro (dois em Salamanca e dois em Ávila) onde, lembra a WWF, “a espécie está estritamente protegida”.

Em poucas horas, o site da campanha já tinha recolhido mais de 2.000 assinaturas de cidadãos.

Além das 20.000 assinaturas, a WWF pede a intervenção da ministra espanhola do Ambiente, através de uma carta que insta Isabel García Tejerina a garantir o cumprimento da legislação e a impedir a morte daqueles lobos. Caso contrário, garante a organização, o caso será denunciado às autoridades europeias.

Segundo a WWF, “matar lobos não é a solução para os problemas da criação de gado extensiva”. Juan Carlos del Olmo, secretário-geral da WWF Espanha, lamenta a “perseguição arbitrária” ao lobo, animal “culpabilizado injustamente por todos os males do mundo rural”.

Na região a Sul do Douro, os poucos lobos que ainda subsistem estão ameaçados pela caça furtiva, alerta a organização. Este grande carnívoro e um dos últimos grandes predadores da Península Ibérica já se extinguiu na Extremadura e estará prestes a desaparecer na Andaluzia.

O censo mais actual ao lobo-ibérico (Canis lupus signatus) em Espanha tem quase 30 anos. Por isso, a WWF aproveita para pedir ao Governo que avance “imediatamente” com um censo nacional à espécie e que “exija às comunidades autónomas a Sul do Douro que aprovem os seus planos de recuperação, para assegurar o futuro da espécie”.

Entretanto, os trabalhos de preparação para a realização do censo ao lobo em Espanha começaram a 15 de Janeiro último, com uma reunião de 150 peritos no Museu de Ciências Naturais de Madrid, noticiou na altura o jornal El Mundo. Desde 1988 – data do último censo à escala nacional – que as contagens de animais são feitas pelas Comunidades Autónomas, que usam metodologias diferentes. Actualmente estima-se que existam 2.000 lobos-ibéricos em Espanha.

Os trabalhos, dirigido pelo investigador Fernando Palacios, do Conselho Superior espanhol de Investigações Científicas (CSIC), vão começar pela zona central do país – incluindo as províncias de Ávila, Segovia, Guadalajara e Madrid, região que assiste ao regresso do lobo depois de mais 60 anos de ausência.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.