Afinal estas cobras marinhas não estão extintas

Cientistas da Universidade James Cook descobriram ao largo da costa australiana duas espécies de cobras marinhas que se acreditava estarem extintas.

 

É a primeira vez que cobras da espécie Aipysurus apraefrontalis foram observadas vivas desde que desapareceram do seu habitat conhecido no recife de Ashmore, há mais de 15 anos.

“Esta descoberta é realmente entusiasmante. Temos outra oportunidade para proteger estas duas espécies”, comentou a coordenadora do estudo, Blanche D’Anastasi, investigadora do Centro para os Estudos dos Recifes de Coral na Universidade James Cook.

A descoberta foi confirmada depois de Grant Griffin, guarda de natureza dos parques naturais australianos, ter enviado uma fotografia de duas cobras captada no recife Ningaloo para identificação.

“Ficámos estupefactos. Estas cobras, potencialmente extintas, estavam ali, bem à vista num dos recifes icónicos da Austrália”, acrescentou D’Anastasi.

“Mas para as proteger precisamos monitorizar as populações e conhecer melhor a sua biologia e as ameaças que enfrentam”, acrescentou.

Os investigadores fizeram uma outra descoberta inesperada, revelando uma população da cobra Aipysurus foliosquama na baía de Shark.

A descoberta foi feita 1700 quilómetros a Sul do único habitat conhecido da espécie, no recife Ashmore. “Pensávamos que esta espécie de cobra marinha vivia apenas nos recifes tropicais. Encontrá-la na baía de Shark foi uma verdadeira surpresa”, disse D’Anastasi.

As duas espécies estão classificadas como Criticamente Ameaçadas segundo a legislação australiana para espécies ameaçadas e, por isso, têm protecção especial. Mas, nos últimos anos, as populações de cobras marinhas têm vindo a diminuir em muitos parques marinhos da Austrália. As causas ainda estão por apurar.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.