Alerta para os corais nos oceanos Atlântico e Pacífico

Cientistas alertam para novos episódios de branqueamento de corais no Hemisfério Norte em Outubro, e para a sua possível destruição, por causa das temperaturas anormalmente altas registadas nas águas do Pacífico norte, Pacífico equatorial e Atlântico ocidental.

 

“O branqueamento que começou em Junho de 2014 tem sido mesmo muito mau para os corais no oeste do Pacífico”, diz em comunicado Mark Eakin, coordenador do programa NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) Coral Reef Watch, uma vigilância dos recifes a partir de dados de satélite.

No ano passado, 12% dos recifes de coral do mundo foram atingidos pelo branqueamento e metade desses, numa área de 12.000 quilómetros quadrados, podem ter sido destruídos para sempre, revela o jornal The Guardian.

“Preocupa-nos que este branqueamento se espalhe para o oeste do Atlântico e novamente para o Havai”, acrescentou em comunicado da NOAA, nesta segunda-feira.

O branqueamento acontece quando os corais são pressionados por alterações no seu ambiente, especialmente da temperatura, luz ou nutrientes. Os corais expelem as algas simbióticas que vivem nos seus tecidos, fazendo com que este fique branco. Sem as algas, o coral perde a sua maior fonte de alimento e fica mais vulnerável a doenças.

“Muitos recifes de coral saudáveis conseguem suportar o branqueamento desde que tenham tempo para recuperar”, lembra Eakin. “Mas, quando temos branqueamentos repetidos num recife, num curto espaço de tempo, é muito difícil para os corais recuperarem e sobreviverem. E isto ainda é pior para os corais que estão pressionados pela poluição ou sobre-pesca”, acrescenta.

As previsões da NOAA para os próximos meses vão ao encontro das conclusões de um artigo publicado na revista Science na semana passada, onde foi estudada a ameaça aos ecossistemas marinhos em dois cenários de emissões de dióxido de carbono.

“O artigo diz que mesmo que os humanos limitem o aumento da temperatura do planeta nos 2ºC, muitos ecossistemas marinhos, incluindo os recifes de coral, vão sofrer”, comenta Eakin, um dos autores do artigo. “O aumento que estamos a ver na frequência e gravidade dos episódios de branqueamento é parte da razão pela qual os modelos climáticos preveem um futuro sombrio para os recifes de coral.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.