Caça com chumbo e a espécies ameaçadas preocupa conservacionistas

Quatro associações de conservação pedem a caçadores para não usarem chumbo e para não caçarem espécies como a rola-brava, zarro, negrinha e pato-colhereiro.

O comunicado apresentado nesta quinta-feira que critica a proposta de portaria que define o calendário venatório para 2015/2016 é assinado pela Quercus, Spea (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), FAPAS (Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens) e Geota (Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e Ambiente).

A proposta inclui normas que “agravam a situação das espécies cinegéticas como o abate de galinhola durante a migração pré-nupcial, o que viola o direito europeu e nacional, o abate de espécies de patos ameaçadas, com populações diminutas (algumas com menos de 500 indivíduos), e o abate de rola-brava, que é uma espécie cujas populações diminuíram 73% desde 1980, e que enfrenta um sério risco de extinção em vários países da Europa”, diz o comunicado.

As associações pedem uma suspensão temporária da caça à rola-brava e a retirada faseada das munições de chumbo. Estas libertam substâncias tóxicas que afectam os organismos aquáticos, os patos, as aves de rapina e também as pessoas que ingerem produtos de caça.

Por isso, as associações apelam “aos caçadores para não caçarem com munições de chumbo e para não caçarem espécies ameaçadas” e apelam aos “portugueses para que não consumam caça ou produtos de caça, enquanto se puder caçar com chumbo”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.