Cientistas descobrem nova espécie de roedor na Indonésia

Uma equipa internacional de investigadores descobriu uma nova espécie de mamífero para a Ciência, numa ilha montanhosa remota da Indonésia. O rato-nariz-de-porco (Hyorhinomys stuempkei) tem características únicas e está descrito num artigo científico que faz a capa da revista Journal of Mammalogy deste mês.

 

Este roedor tem características nunca antes vistas pela comunidade científica. A nova espécie tem uma anatomia muito própria e é tão geneticamente diferente de outras espécies que foi descrita também como um novo género (Hyorhinomys: esta é a palavra grega para porco (hyo), nariz (rhino) e rato (mys)).

Na segunda manhã dos trabalhos de campo de 2013, numa região montanhosa da ilha de Suwalesi, a 1.600 metros de altitude e a dois dias de caminhada da povoação mais próxima, Jake Esselstyn, da Universidade Estatal do Louisiana, e Kevin Rowe, do Museu Victoria, apanharam dois animais peculiares nas armadilhas. “Nunca tínhamos visto nada assim. Era obviamente uma nova espécie”, conta Esselstyn, em comunicado.

O animal é um musaranho com um nariz grande, espalmado e rosáceo. Daí terem-lhe chamado rato-nariz-de-porco. Tem orelhas extremamente grandes, patas traseiras compridas – usadas talvez para saltar -, grandes dentes incisivos brancos e pêlos urogenitais compridos.

É um roedor carnívoro e, provavelmente, alimenta-se de minhocas, larvas de besouros e de outros invertebrados.

“O rato-nariz-de-porco é entusiasmante porque aumenta a diversidade de um grupo de roedores já impressionante, encontrado apenas na ilha de Sulawesi”, explicou Rowe, referindo-se a um grupo com oito espécies conhecidas.

“Há milhões de espécies neste planeta ainda por descobrir e descrever, mas continuo surpreendido por podermos caminhar numa floresta e encontrar uma nova espécie de mamífero tão diferente de qualquer outra espécie, ou mesmo de qualquer outro género”, acrescentou.

Nesta descoberta participaram cientistas de museus de História Natural dos Estados Unidos, Indonésia e Austrália.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.