Conservação do abutre-preto candidata-se a financiamento com votos do público

O projecto de recuperação do abutre-preto (Aegypius monachus) no Sul de Portugal, desenvolvido pela Liga para a Protecção da Natureza, candidatou-se ao apoio financeiro da European Outdoor Conservation Associacion (EOCA). O vencedor é decidido pelo público, numa votação que decorre aqui até dia 19 de Outubro.

Em causa está o projecto “Black Vulture Recovery, Southern Portugal”, que visa manter o funcionamento dos campos de alimentação para aves necrófagas geridos pela LPN no Alentejo, explica a associação.

Outros objectivos são a monitorização da recuperação do abutre-preto na região alentejana e a promoção do turismo de natureza associado à observação da espécie, importante para a economia local.

A LPN está a concorrer contra outros sete projectos de conservação, entre os quais a restauração de partes da floresta indígena na África do Sul e a recuperação do leopardo de Amur, no Leste da Rússia, todos selecionados numa ‘short-list’ pela EOCA.

Esta votação está ligada à nova iniciativa “Black Vulture needs your care” (‘O abutre-preto precisa de si’), que quer chamar a atenção para a importância da espécie nos ecossistemas e angariar fundos financeiros para dar continuidade aos trabalhos para a sua conservação.

Em Portugal, o abutre-preto está classificado como Criticamente em Perigo de extinção e é a espécie de ave necrógafa mais ameaçada. Deixou de se reproduzir no país nos anos 70 e voltou a nidificar apenas em 2010, existindo actualmente menos de 15 casais – a maioria na zona do Tejo Internacional.

Só este ano é que a espécie se voltou a reproduzir com sucesso no Alentejo, com o nascimento de uma cria em ninhos artificiais criados no âmbito do programa LIFE Habitat Lince Abutre (de Janeiro de 2010 a Setembro de 2014), 40 anos depois do último nascimento bem sucedido na região.

“Se tudo correr bem, este nascimento pode ser o passo necessário para a formação de uma nova colónia, mas esse é um trabalho contínuo que ainda irá demorar anos, durante os quais precisamos de manter as acções de conservação e monitorização da espécie”, explicou à Wilder um dos responsáveis do projecto, Eduardo Santos, ligado à LPN.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.