Família de ursos-pardos está bem e diverte-se nos Pirinéus

Técnicos da Generalilat da Catalunha confirmaram hoje que as três crias que nasceram no início do ano no Parque Natural del Alt Pirineu estão bem de saúde e a divertir-se, segundo as imagens captadas por uma câmara instalada para seguir estes animais.

 

Até agora são poucos os casos conhecidos de ninhadas de três ursos-pardos nos Pirinéus e havia dúvidas se a progenitora conseguiria mantê-los a todos. Mas em Setembro, a equipa de seguimento do urso-pardo na Catalunha conseguiu fotografias e vídeos da fêmea e das suas três crias, graças às câmaras automáticas instaladas em pontos estratégicos.

As primeiras imagens desta singular família de ursos são de Maio, quando as crias tinham cerca de quatro meses de idade. Os técnicos confirmaram agora que as crias estão já com a pelagem de Inverno e que estão bem alimentadas, noticia o jornal La Vanguardia.

Neste momento, os técnicos estão a tentar identificar a mãe e o pai das três crias, a partir das amostras biológicas encontradas na zona, no município de Llaodorre. Já em 2014 foi ali localizada outra fêmea com duas crias mas não se conseguiu conhecer a sua identidade.

A zona é território da fêmea Caramellita, nascida em 2002, e onde também vivem algumas fêmeas filhas dela.

Estima-se que este ano tenham nascido nos Pirinéus seis crias de urso-pardo. A população total da espécie na região será de 40 animais.

O urso-pardo (Ursus arctos) extinguiu-se nos Pirinéus centrais em 1990. Em 1996 começaram os esforços para reintroduzir a espécie com animais vindos da Eslovénia, geneticamente semelhantes aos pirenaicos. Neste momento está a decorrer o projecto europeu LIFE Piros (2014-2018) para “consolidar o futuro do urso-pardo nos Pirinéus num ambiente favorável”, explicam os responsáveis.

O urso-pardo mede entre metro e meio e dois metros. Os machos podem pesar entre 80 e 240 quilos e as fêmeas entre 65 e 170 quilos. É entre Novembro e Dezembro que os ursos começam a hibernar, período que termina entre Fevereiro e Abril.

A população mundial de urso-pardo está estimada em cerca de 200.000 animais. A Rússia tem as maiores populações (estimadas em 120.000 ursos), seguida dos Estados Unidos (32.200, dos quais 31.000 no Alasca) e Canadá (25.000). Há ainda ursos na China e no Japão.

Na Europa, excluindo a Rússia, calcula-se que existam cerca de 14.000 ursos. No Sul da Europa, esta é uma espécie em perigo de extinção, com populações pequenas na Grécia, Cordilheira Cantábrica, Abruzzo, Trentino e Pirinéus. Em Junho, o Ministério espanhol do Ambiente anunciou que a população de ursos na Cordilheira Cantábrica passou dos 70 animais, em 1994, para mais de 200, graças aos projectos de recuperação da espécie.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.