Mais de 100 aves selvagens foram apreendidas em 15 dias

Mais de uma centena de aves selvagens caçadas ilegalmente foram apreendidas no espaço de 15 dias por agentes da polícia, todas elas passeriformes, na maior parte ainda vivas e devolvidas em seguida à natureza, indicou hoje a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

A primeira destas três apreensões realizou-se a 26 de Novembro, pelo SEPNA-Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente de Faro, num total de 38 passarinhos que tinham sido capturados, “provavelmente para fins gastronómicos”.

Em causa estavam 13 piscos-de-peito-ruivo, uma toutinegra-de-cabeça-preta, uma ferreirinha-comum e 23 toutinegras-de-barrete-preto, todos eles já mortos. “Alguns dos indivíduos já estavam depenados e eram bastante visíveis os danos causados pelas armadilhas utilizadas”, adianta a associação, em comunicado.

A SPEA dá conta de uma outra apreensão mais recente realizada pelo SEPNA de Tavira, de oito pintassilgos, estes todos vivos e devolvidos entretanto à natureza.

Um desfecho mais feliz teve igualmente a intervenção do SEPNA de Portimão no dia 27 de Novembro, quando apreendeu 84 passeriformes de 24 espécies diferentes da fauna selvagem portuguesa, como pintassilgos, lugres, pintarroxos-comuns e milheirinhas, lembrou a SPEA.

Essas aves foram entregues no RIAS-Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens, na Ria Formosa, de forma a avaliarem a sua condição física e para os devolverem à natureza. No dia seguinte, foram libertados mais de 70 destes passeriformes.

“Estas apreensões revelam a importância da intervenção das autoridades no combate a este crime ambiental, mas são também prova que todos temos um papel fulcral nesta batalha”, sublinha a SPEA, que apela a que as pessoas denunciem estes casos quando deles têm conhecimento, para o SEPNA (GNR) mais próximo ou para a Linha SOS Ambiente e Território ((808 200 520).

Já em Novembro, a PSP tinha feito uma apreensão de quase 100 aves que estavam a ser vendidas ilegalmente, à margem da Feira dos Pássaros, que se realiza no Porto. Estas seguiram depois para o Parque Biológico de Gaia, onde “na sua maioria foram devolvidas à natureza”.

“Notamos que, de um modo geral, a comunidade está mais alerta para este problema”, refere ainda a SPEA, que nota que em 2015 o RIAS recebeu mais animais por abate e cativeiro ilegal do que em anos anteriores. Desde o início deste ano, ingressaram naquele centro 150 animais provenientes de cativeiro ilegal, 44 de captura ilegal e outros 12 feridos a tiro.

A associação é coordenadora da campanha ““Diga NÃO aos passarinhos na gaiola e no prato”, que tem como parceiros a associação ALDEIA (através do CERVAS e do RIAS, dois centros de recuperação de animais selvagens), A Rocha, o Parque Biológico de Gaia, a Associação Transumância e Natureza, a Liga para a Protecção da Natureza e a Quercus.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.