Metade dos elefantes mortos em Moçambique, nos últimos cinco anos

Bandos de traficantes, muitos vindos da Tanzânia, mataram quase metade da população de elefantes em Moçambique durante os últimos cinco anos, para traficarem marfim.

O alerta foi lançado ontem pela organização norte-americana Wildlife Conservation Society (WCS), que cita um inquérito apoiado pelo Governo moçambicano. Os resultados deste estudo apontam para uma descida de 48% no número de elefantes no país, de 20.000 para 10.300, indicou a WCS à AFP, numa notícia publicada pelo The Guardian.

“Este declínio deve-se à caça furtiva descontrolada nas populações mais importantes de elefantes do país”, acusa a WCS.

Os problemas maiores ocorreram numa região no Norte de Moçambique, que inclui a Reserva Nacional de Niassa, onde se estima que 95% dos elefantes tenham sido mortos. Onde antes se calcula que vivessem 15.400 indivíduos, agora haverá apenas cerca de 6.100.

O aumento da caça furtiva está a ser originado pela passagem de traficantes da Tanzânia, país onde a população de elefantes já tinha sido dizimada, notou o director da WCS em Moçambique, Alastair Nelson, em declarações à AFP. A WCS gere a Reserva de Niassa.

Só em Junho de 2014 é que o Governo moçambicano adoptou uma nova lei que criminaliza a morte de animais protegidos, como é o caso dos elefantes. Até essa data, os caçadores furtivos eram multados por posse ilegal de armas.

A 14 de Maio, a polícia anunciou a descoberta da maior quantidade de produtos ilegais ligados à vida selvagem encontrada até agora no país: 1,3 toneladas de marfim de elefantes e chifres de rinoceronte, o que equivale à morte de cerca de 200 animais.

Em toda a África, estima-se que ocorrem 30.000 mortes ilegais de elefantes todos os anos, para alimentar o tráfico de marfim, procurado especialmente na Ásia.

Restam cerca de 470.000 elefantes no continente africano, segundo a organização não governamental Elephants Without Borders, quando há um século eram vários milhões.

 

 

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.