Minas e exploração de petróleo ameaçam 70 sítios naturais Património Mundial da Unesco

Segundo um novo relatório da organização WWF, 70 dos 229 sítios naturais classificados como Património Mundial da Unesco estão ameaçados pela exploração petrolífera e indústria mineira.

 

Desses 70 sítios, 41 estão em África, indica o relatório que pretende encorajar os investidores a usarem a sua influência para travarem as empresas que estejam a explorar aqueles locais de forma lesiva.

“Proteger estes lugares icónicos não só é importante em termos do seu valor ambiental mas também é crucial para a sobrevivência e futuro das pessoas que dependem deles”, disse David Nussbaum, director-executivo da WWF no Reino Unido, em comunicado.

O relatório “Safeguarding Outstanding Natural Value”, apresentado ontem, salienta os riscos que os investidores correm ao estarem envolvidos com companhias extractivas a operar perto ou em locais Património Mundial. Riscos esses como danos à sua reputação, processos judiciais e o desinvestimento no mercado de activos.

No ano passado, a petrolífera britânica Soco International aceitou não perfurar no Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo, depois de protestos de organizações ambientalistas, incluindo a WWF. A Soco tornou-se uma das poucas petrolíferas a adoptar um compromisso de não operar em sítios naturais classificados pela Unesco.

Os sítios naturais Património Mundial abrangem menos de um por cento do planeta e são locais com um valor natural admirável, como o Grand Canyon, a Grande Barreira de Coral e a Reserva de Caça Selous na Tanzânia. Locais como estes são a casa de alguns dos animais mais preciosos e raros do planeta, como os gorilas de montanha, os elefantes africanos, leopardos das neves, baleias e tartarugas marinhas.

O relatório foi feito pela WWF e pela empresa de gestão de activos Aviva Investors. “Este relatório fornece a informação que precisamos para tomar decisões melhores e incentivar outros a fazer o mesmo”, disse Euan Monro, CEO da empresa.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.