Moradores furiosos atacam ambientalistas que desmantelavam armadilhas para aves

Membros da Liga francesa para a Protecção das Aves (LPO) foram atacados de surpresa na segunda-feira por moradores furiosos, com pás, quando tentavam desmantelar armadilhas para aves, como pintassilgos e tentilhões, no Sul de França.

 

Na manhã de dia 9 de Novembro, quatro conservacionistas estavam a mostrar a vários jornalistas dezenas de armadilhas que tinham sido colocadas ilegalmente num campo de milho perto de Audon, na região francesa de Landes.

Quando os ambientalistas tentaram desmantelar as armadilhas, um grupo de homens aproximou-se, gritando insultos e agitando pás, enxadas e outras ferramentas agrícolas.

Allain Bougrain-Dubourg, o presidente da LPO, foi um dos activistas atacados. “Quando começámos a retirar as armadilhas, um grupo de pessoas surgiu do nada e fomos atingidos três ou quatro vezes com uma pá”, contou ao jornal Liberation.

O incidente – que também resultou na agressão aos jornalistas – terá durado, pelo menos, 15 minutos até a polícia chegar ao local. Os pneus dos veículos de alguns ecologistas e jornalistas foram rasgados.

Em Landes há uma grande tradição na captura de passeriformes, mesmo de espécies protegidas. Todos os anos desde 2010, a LPO lança uma campanha para travar a captura das aves.

O incidente “é tanto mais inaceitável quando actualmente se discute na Assembleia nacional e no Parlamento a lei sobre a biodiversidade”, lembra a LPO em comunicado.

O presidente da LPO pretende apresentar queixa por agressão e degradação de veículos e pelo uso de armadilhas ilegais de uma espécie protegida. Por seu lado, os moradores pretendem apresentar queixa por invasão de propriedade privada.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.