Morreu uma fêmea de lince que teria mais de 17 anos de idade

Uma fêmea de lince-ibérico, Miranda, foi encontrada morta a 8 de Setembro na Andaluzia sem causa aparente. Este animal teria mais de 17 anos de idade e seria um dos linces conhecidos com mais longevidade.

 

O cadáver do lince foi encontrado por um particular que avisou o Serviço de Protecção da Natureza (Seprona) e os técnicos da Junta da Andaluzia afetos ao Projecto Life Iberlince.

Apesar de ainda não se conhecerem os resultados das análises toxicológicas, os responsáveis do Iberlince acreditam que este lince “terá morrido devido à idade avançada”.

Miranda foi avistada pela primeira vez em Maio de 2001, já adulta, na propriedade “Barranco San Miguel”, Andaluzia. Que se saiba, teve mais de oito crias. Entre elas está Caribú, o lince que protagonizou um grande percurso que o levou até Portugal (Moura-Barrancos, no Alentejo) em Janeiro de 2010.

O território de Miranda ficava no Valle del Jándula, na Serra Morena, e foi herdado pela sua última cria, Elam. Este é um exemplo do comportamento filopátrico e matrilineal de algumas fêmeas de linces, explicam os responsáveis, em comunicado.

No final de Dezembro de 2014 e, após vários meses desaparecida do seu anterior território na população da Serra Morena, técnicos da Junta da Andaluzia do Life Iberlince, localizaram-na na periferia, a Sul da área de reintrodução de Guarrizas, onde se estabeleceu. Desde então, foi detectada na área de expansão desta população, perto da barragem de Fernandina e da zona onde terá morrido.

“Este exemplar teve um papel importante na conexão do núcleo de Guarrizas com o da Sierra Morena Oriental, tendo deixado diversos marcos importantes para a população de linces da Andaluzia”.

Actualmente está a decorrer o censo dos linces a viver em liberdade e os resultados serão conhecidos no final do ano. Os números mais recentes são de 2014. Nessa altura existiam 327 linces nas quatro populações da Andaluzia. A maior continua a ser a de Andújar-Cardeña (com 161 linces), seguida de Doñana (com 80), Guadalmellato (45) e Guarrizas (41). Estas duas últimas são as populações mais recentes, com reintroduções que começaram em 2010 e 2011, respectivamente. Para o Vale do Guadiana – assim como para Hornachos-Vale del Matachel e para Campo de Calatrava y Montes de Toledo – ainda não se podem considerar existirem populações propriamente ditas, uma vez que as reintroduções só começaram em 2014.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.