Nova Iorque apaga luzes para ajudar aves migradoras

As luzes dos edifícios públicos no estado de Nova Iorque vão ficar apagadas nos principais períodos de migração das aves, na Primavera e no Outono, anunciou esta semana o governador, Andrew Cuomo.

O estado de Nova Iorque fica no caminho de uma das principais rotas de migração aérea, a “Atlantic Flyway”, utilizada quando as aves deixam os refúgios de Inverno para seguirem mais para Norte, onde vão procriar.

Muitas espécies voam durante a noite, orientando-se pelas constelações de estrelas. O problema é que, todos os anos, vários milhões de aves morrem porque chocam contra janelas de edifícios iluminados, ou então ficam tão desorientadas pelas luzes que acabam por ser presa fácil para os predadores.

Conhecido como “atracção fatal”, este fenómeno provoca a morte de um número imenso de aves: entre 500 milhões e 1000 milhões de indivíduos por ano, nos Estados Unidos, de acordo com dados fornecidos pelo gabinete do governador, diz a Reuters.

Daniel Klem, investigador deste fenómeno e professor de ornitologia e biologia da conservação no Muhlenberg College, disse no ano passado à BBC que um dos principais problemas é que não morrem apenas os indivíduos mais fracos. “Podem estar a morrer membros muito importante da população [de aves], que seriam fundamentais para a manter saudável”, explicou.

As luzes não essenciais dos edifícios públicos vão passar a estar apagadas entre as 23h e o nascer do sol, de 15 de Abril a 31 de Maio e de 15 de Agosto a 15 de Novembro.

“Este é um passo simples para ajudar a proteger aquelas aves migradoras que fazem das florestas, dos lagos e rios de Nova Iorque a sua casa”, declarou Andrew Cuomo, num comunicado sobre a iniciativa.

O estado de Nova Iorque juntou-se desta forma ao projecto “Lights Out”, promovido pela Audubon, que já era seguido há alguns anos anos por edifícios bem conhecidos da cidade, como o Rockefeller Center e o Chrysler Building.

No âmbito do “Lights Out”, a Audubon tem também trabalhado com outras grandes cidades norte-americanas, como São Francisco, Chicago e Baltimore.

Nova Iorque vai passar a ter também, a partir de agora, um novo site com informação sobre as aves do estado e quais os melhores locais de observação, para todos os moradores e visitantes.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.