Oceanos recebem 8 milhões de toneladas de plástico por ano

Já se sabia que era muito, mas ainda não se sabia quanto. Agora, investigadores norte-americanos da Universidade de Georgia descobriram que, em média, oito milhões de toneladas de plásticos são despejados nos oceanos todos os anos, segundo um artigo publicado nesta quinta-feira na revista “Science“.

Garrafas de plástico, pedaços de brinquedos e embalagens de alimentos fazem parte das 275 milhões de toneladas de lixo produzido por pessoas de 192 países, a viver a 50 quilómetros da costa, junto aos oceanos Atlântico, Pacífico, Índico e aos mares Mediterrâneo e Negro. Dessas 275 milhões de toneladas de plásticos, entre 4,8 e 12,7 milhões acabaram nos oceanos em 2010.

A poluição dos oceanos por plásticos – material que entrou no mercado dos consumidores nos anos 30 e 40 – surgiu na literatura científica no início dos anos 70. Desde então, pouco se tem avançado. “Pela primeira vez estamos a estimar a quantidade de plástico que entra nos oceanos, num determinado ano”, diz a co-autora do estudo, Kara Lavender Law, investigadora da Sea Education Association, com sede em Massachusetts.

Ainda assim, estes são números apenas para o plástico encontrado a flutuar e não para o plástico no fundo do mar ou nas praias.

A principal autora do estudo, Jenna Jambeck, da Universidade de Georgia, estima que o impacto cumulativo nos oceanos atinja as 155 milhões de toneladas em 2025 se nada for feito pelos governos.

“Estamos a ser engolidos pelo nosso lixo”, diz Jambeck, em comunicado. “Potenciais soluções implicarão esforços locais e globais coordenados.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.