Ornitólogos espanhóis pedem medidas urgentes para o milhafre-real

Em Perigo de extinção em Espanha, o milhafre-real (Milvus milvus) deve ter um plano de recuperação com medidas “directas e urgentes” que garantam a sua sobrevivência na Andaluzia, disse hoje a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife).

 

Actualmente, é no Espaço Natural de Doñana que esta ave tem a sua última zona de reprodução na Andaluzia. Mas na região, a espécie continua o seu “inexorável declínio” como reprodutora e como invernante, alerta a organização, citada pela agência EuropaPress.

A SEO/Birdlife está preocupada com o número reduzido de crias que conseguiram chegar à fase de voo, num total de sete nos 53 territórios ocupados. Isto “aumenta o risco de extinção desta rapina na Andaluzia”.

“Entre as ameaças ao milhafre-real está o uso ilegal de iscos envenenados, a electrocussão ou a concorrência com outras espécies”, disse o técnico da organização, Carlos Molina. “Estas causas, unidas agora à baixa disponibilidade de alimento em Doñana, estão por detrás desta situação tão dramática para a espécie.”

Em Portugal, o milhafre-real está classificado como Criticamente em Perigo, no Livro Vermelho dos Vertebrados (2005) e em 2003 estimava-se que a população reprodutora residente fosse de apenas 50 a 100 casais. Está em declínio acentuado desde há várias décadas como nidificante e tornou-se bastante raro. No Inverno, o país recebe as aves vindas da Europa Central e do Norte.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.