Peritos rejeitam planos do Japão para caça à baleia

A Comissão Baleeira Internacional considera que o Japão não deu razões científicas suficientes que justifiquem a caça a 333 baleias nas águas da Antárctida.

Em causa está o plano nipónico chamado Newrep-A, através do qual o Japão quer retomar a caça à baleia no final deste ano. A justificação apresentada é a necessidade de recolher dados para conhecer melhor o ecossistema marinho da Antárctida e ainda para calcular qual o tamanho necessário das populações para retomar a caça comercial.

Mas este plano foi recusado nesta segunda-feira por um painel de peritos da Comissão Baleeira Internacional (CBI). “Com a informação apresentada na proposta, o painel (da CBI) não foi capaz de determinar que seja necessário recolher amostras que impliquem a morte das baleias”, cita nesta terça-feira o jornal britânico “The Guardian”.

Desde 1987 que a CBI proíbe a caça comercial à baleia, a menos que seja para fins científicos. É precisamente esta excepção que o Japão tem utilizado e desde então já matou 13.000 baleias-anãs (Balaenoptera acutorostrata). Mas no ano passado, o Tribunal Internacional de Haia ordenou uma paragem imediata à caça à baleia na Antártida por considerar que as alegações científicas eram apenas uma desculpa. De fora desta decisão ficou o programa japonês de caça à baleia no Pacífico Norte.

O Japão tem estado a preparar este plano desde o ano passado para tentar voltar às águas da Antárctida. O documento vai regressar à mesa das discussões quando o painel científico da CBI se reunir em Maio em São Diego, Estados Unidos, para tomar uma decisão final. Nessa altura, o Japão irá apresentar mais informações. “Acredito que vamos conseguir voltar a caçar baleias no final do ano”, disse Joji Morishita, comissário japonês na Comissão, em conferência de imprensa, citado pela agência de notícias Reuters.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.