Todos os dias são retiradas do rio Guadiana 450 toneladas de jacintos-de-água

No troço do rio Guadiana na região de Mérida, na comunidade autónoma da Estremadura espanhola, 30 técnicos da Confederação Hidrográfica do Guadiana (CHG) estão a retirar todos os dias 450 toneladas de jacintos-de-água, espécie exótica invasora.

 

Nos próximos dias os trabalhos vão intensificar-se, com mais dez trabalhadores e o uso de “outro tipo de maquinaria pesada”, noticiou ontem a agência espanhola EuropaPress. Estão envolvidas neste esforço várias embarcações, máquinas e camiões.

Este é um momento importante para retirar do rio o jacinto-de-água (Eichhornia crassipes), porque a sua fase de crescimento pára com o Inverno, explicou José Díaz Mora, presidente da CHG.

Para o futuro, a confederação quer implementar “instalações fixas para aumentar a eficácia” da remoção da planta, uma vez que “o jacinto-de-água veio para ficar”. O grande objectivo é conter a sua área de distribuição. Além disso, a eliminação definitiva “é muito complicada”, admitiu José Díaz Mora, acrescentando que se vai continuar a trabalhar para tentar fazê-lo.

O jacinto-de-água é uma erva aquática flutuante, de folhas intumescidas e flores azuis ou violetas, nativa da América do Sul, na Bacia Amazónica. Em Portugal foi introduzida como planta ornamental e agora está listada como espécie invasora. Há registos no Douro Litoral, Beira Litoral, Estremadura, Ribatejo e Alto Alentejo.

Segundo o projecto Invasoras.pt, esta planta “tem um crescimento extremamente rápido” e as suas sementes “mantêm-se viáveis durante muitos anos (até 20 anos) e, devido às suas reduzidas dimensões, são facilmente arrastadas pela corrente”; também podem ser dispersas por aves aquáticas.

A planta “forma tapetes que podem cobrir totalmente a superfície da água”, diminuindo a qualidade da água, a biodiversidade, a luz disponível e o fluxo de água.

Pode saber mais sobre o que é o jacinto-de-água no site Invasoras.pt; no Mapa de Avistamentos, pode procurar pela espécie para saber onde está a ser registada.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.