Vigilantes da Natureza retiram armadilhas para aves na Praia de Faro

Vigilantes da natureza retiraram inúmeras armadilhas para a captura de pequenas aves na Praia de Faro e libertaram dois piscos-de-peito-ruivo, avançou nesta manhã a direcção da Associação Portuguesa de Guardas e Vigilantes da Natureza (APGVN).

 

Durante uma acção de vigilância na Praia de Faro, Silvério Lopes e Carlos Capela, vigilantes a exercer funções no Parque Natural da Ria Formosa, encontraram várias armadilhas vulgarmente conhecidas por esparrelas, costelas ou loisas. Estas “são construídas de arame nas quais se coloca um isco, geralmente formigas de asas. As aves capturadas desta forma são para fins gastronómicos”, explicam os vigilantes, em comunicado.

Segundo a APGVN, os distritos de Faro, Porto e Lisboa são as regiões onde se registam mais casos de captura e abate ilegal. “No Algarve destaca-se a captura para o petisco, em que o pisco-de-peito-ruivo e a toutinegra-de-barrete-preto são os que acabam mais frequentemente na frigideira.”

O pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula) é uma pequena ave que se conhece bem pela mancha alaranjada que lhe ornamenta o peito. Durante o Outono, piscos vindos do Norte da Europa chegam a Portugal, juntando-se às populações que cá vivem durante todo o ano.

Mas o pisco é apenas uma das várias espécies de aves silvestres, não cinegéticas, apanhadas em armadilhas para cativeiro ou consumo, uma prática ilegal. “Esta atividade afeta a conservação da natureza e a perda destas aves torna a biodiversidade cada vez mais pobre”, consideram os vigilantes.

Por exemplo, o decrescimento acentuado das espécies mais atingidas por este tipo de acções pode mesmo levar ao “aumento significativo de pragas de insetos, dado que os passeriformes mais capturados são excelentes controladores naturais de pragas”.

No início de Agosto, o Núcleo de Protecção Ambiental da GNR de Bragança deteve, em flagrante delito, dois homens suspeitos de captura ilegal de pintassilgos e pintarroxos, com recurso a armadilhas.

Há vários meses que sete organizações não governamentais de Ambiente portuguesas têm a decorrer a campanha “Diga não aos passarinhos na gaiola e no prato”. Pode ver aqui como ajudar.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.