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Conheça as três espécies de andorinhões de Portugal

Os andorinhões foram feitos para voar. Conheça as três espécies que ocorrem em Portugal, com a ajuda das ilustrações de Marco Nunes Correia.

 

Serão das aves que mais tempo passam a deslizar nos céus; é a voar que caçam, que se alimentam, que bebem, que acasalam e que dormem. Adaptaram-se de tal maneira que parece terem-se desabituado de um apoio mais terrestre; as suas patas são demasiado pequenas e unidas para se empoleirarem. Estes voadores exímios são um pouco maiores e mais escuros que as andorinhas. Mas há mais coisas que vai gostar de saber sobre estas aves que chegam na Primavera e que quando partem de novo deixam as nossas cidades mais vazias e desinteressantes.

Com base em vários guias de aves, no livro “Aves de Portugal – Ornitologia do território continental” e nos andorinhões do ilustrador Marco Nunes Correia, apresentamos-lhe aqui algumas dicas de identificação.

Estas são as três espécies que ocorrem em Portugal: Andorinhão-preto (Apus apus), Andorinhão-pálido (Apus pallidus) e Andorinhão-real (Apus melba).

 

 

 

 

Além destas espécies ocorre na ilha da Madeira o andorinhão-da-serra (Apus unicolor). Esta ave procura a região entre Março e Agosto para se reproduzir.

 

Andorinhão-preto (Apus apus):

Como identificar: Muitas vezes esta ave caça insectos no meio das andorinhas, podendo parecer a mesma espécie. Contudo, aguce o seu poder de observação e procure estes quatro indícios: o andorinhão é um pouco maior, tem a parte de baixo mais escura (só a garganta é um pouco mais clara do que o resto do corpo), as asas têm a forma de uma foice e a forma de voar é diferente. Os andorinhões batem as asas e depois pairam no vento, completamente imóveis (as andorinhas batem mais as asas e deslizam menos).

Dimensão: entre 17 e 18 centímetros. A envergadura de asa é de 40 a 44 centímetros.

Ninhos: são construídos em cavidades em paredes, telhados, torres de igreja e fendas um pouco por todo o país, especialmente em zonas urbanas. Todos os anos regressam e utilizam o mesmo local. A incubação dura 18 a 24 dias e as aves abandonam o ninho aos 37 a 56 dias de idade.

Alimento: insectos voadores e pequenas aranhas.

Quando: sobretudo entre Março e Setembro.

 

Andorinhão-pálido (Apus pallidus):

Como identificar: O mais provável é confundir esta espécie com o andorinhão-preto. A forma de os distinguir é que o pálido tem as asas mais largas e o corpo mais arredondado. Além disso não é tão escuro.

Dimensão: entre 16 e 18 centímetros. A envergadura de asa é de 39 a 44 centímetros.

Ninhos: os ninhos são feitos em cavidades de preferência perto do litoral e há grandes colónias em Lisboa, Setúbal e Faro. A incubação dura 21 dias e as aves abandonam o ninho aos 46 dias de idade.

Alimento: insectos voadores.

Quando: sobretudo de Março a Setembro.

 

Andorinhão-real (Apus melba):

Como identificar: será, talvez, o mais fácil de identificar porque é o maior destas três espécies de andorinhões. O bater de asas é mais lento e amplo. Outra coisa que ajuda é saber que têm parte do abdómen branco.

Dimensão: entre 20 e 23 centímetros. A envergadura de asa é de 51 a 58 centímetros.

Ninhos: constrói os ninhos em buracos em edifícios altos ou falésias e escarpas e as suas maiores colónias, em Portugal, estão na região do Douro. A incubação dura 17 a 23 dias e as aves abandonam o ninho aos 45 a 55 dias.

Alimento: insectos voadores e aranhas que capturam em voo.

Quando: sobretudo entre Março e Outubro.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais:

Cinco factos fascinantes sobre andorinhões:

 

  • Os casais de andorinhões-reais e de andorinhões-pretos mantêm-se para a vida.
  • Fique atento ao coro de gritos emitidos por grandes bandos de andorinhões-pretos quando voam a baixa altitude, nas noites de Verão. Vai ver que é um espectáculo.
  • O andorinhão-preto evita alimentar-se de insectos com ferrão, como abelhas e vespas.
  • Graças a estudos de anilhagem na serra da Arrábida foi possível saber que o andorinhão-pálido pode viver, pelo menos, 14 anos.
  • Os ninhos de andorinhão-real são construídos com uma mistura de penas e palhinhas, unidas com saliva.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Aprenda a desenhar uma ave com o ilustrador Marco Nunes Correia.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.