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Escola primária do Porto está a plantar um bosque pelo clima

A escola EB1 do Bom Pastor, no Porto, está a plantar um bosque de árvores e arbustos autóctones numa zona que estava abandonada. Pais, crianças e professores juntaram-se para fazer bolas de sementes e para pôr na terra as primeiras 50 plantas.

 

Aquilo que dantes era um espaço sem utilização está a tornar-se num bosque de azevinhos, medronheiros, carvalhos e outras espécies autóctones, um projecto coordenado pela APAECM (Associação de Pais e Encarregados de Educação do Agrupamento de Escolas Carolina Michaёlis – Núcleo da Escola Básica do Bom Pastor).

“Este era um espaço despido de árvores, que não era aproveitado, com cerca de 1.500 metros quadrados”, explica à Wilder Pedro Macedo, da Associação de Pais e um dos promotores da iniciativa. “Os miúdos nunca lá iam. Era um sítio onde estava um aterro quando fizeram a escola e tinha pedras, tijolos, vidro e plásticos que ficaram enterrados.”

A 24 de Novembro, esse espaço começou a transformar-se numa floresta urbana. Vieram 20 pais, 10 professores e 215 crianças e a plantação começou. Para animar, houve música e teatro sobre a floresta e foram feitas cerca de 600 bolas de sementes para lançar mais tarde à terra.

 

 

O projecto “Um Bosque pelo Clima”, em parceria com o pelouro da Inovação e Ambiente da Câmara Municipal do Porto, quer aumentar a biodiversidade urbana, reduzir a pegada de carbono da escola e assim defender o clima, sensibilizar a comunidade escolar, valorizar o recinto escolar e criar um espaço lúdico e pedagógico.

“Esta ideia não é só plantar umas árvores, é um projecto que pretende dar um contributo à escala local para resolver um problema global”, como as alterações climáticas.

 

O desafio agora é integrar no dia-a-dia da escola este pequeno bosque, de onde se vê o mar e a paisagem urbana em redor. “Queremos, por exemplo, que este espaço possa ser utilizado para aulas ao ar livre”, acrescentou Pedro Macedo. Para isso foi criada uma área, em forma de quadrado, delimitada por alfazemas e com troncos cortados para as crianças se sentarem. No centro foi plantado um sobreiro, árvore nacional que terá um papel especial, assim como um guia e professor.

Para um futuro próximo, está prevista a expansão do bosque, a melhoria da identificação das espécies de árvores e arbustos, a remoção de algum lixo e a dinamização do espaço. “Gostávamos que os professores percebessem que o bosque é um recurso pedagógico”, onde as crianças podem apreciar as cores, provar os sabores da floresta, sentir os perfumes e abraçar as árvores. Pedro Macedo adianta que ao longo do próximo ano, “os professores serão desafiados a envolverem-se de forma mais sistemática”.

 

 

A apoiar a criação deste bosque para as crianças daquela escola estão várias entidades, desde o FUTURO – projecto das 100.000 árvores da Área Metropolitana do Porto, o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e o Movimento Terra Queimada ao programa Floresta Comum (da Quercus) e ao Cantinho das Aromáticas.

 

[divider type=”thick”]Série Wilder Cuidadores de Florestas

Inspire-se nesta série que criámos para si, para lhe mostrar os portugueses que estão a cuidar das florestas ao longo de todo o ano. Falámos com os responsáveis por alguns dos melhores projectos de prevenção de fogos e de enriquecimento de florestas e ouvimos as histórias de cidadãos que arregaçam as mangas pelas árvores. Estes são os Cuidadores de Florestas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.