Este jovem tritão-marmoreado não escapou ao Bioblitz

O Parque da Devesa, em Vila Nova de Famalicão, foi passado a pente fino por 15 pessoas que se juntaram no Bioblitz de 12 de Junho para descobrirem borboletas, rãs, escaravelhos, coelhos, águias e flores. Este tritão-marmoreado juvenil não escapou aos naturalistas que também descobriram rastos de toupeiras.

 

A pouco e pouco, a lista de espécies do Parque da Devesa vai crescendo, graças ao entusiasmo de quem mora em Vila Nova de Famalicão. Até agora já estão registadas e identificadas 64 espécies naquela zona verde de 27 hectares, depois dos Bioblitz de Inverno e da Primavera, disse à Wilder Vasco Flores Cruz, o biólogo que guia estas expedições naturalistas.

 

 

No último, a 12 de Junho, o Parque foi percorrido a pé, com binóculos, guias de identificação e camaroeiros para explorar as zonas de água. Em apenas duas horas foram registadas 32 espécies, entre elas a rã-verde, o tritão-marmoreado juvenil, a galinha-de-água, a águia-de-asa-redonda, o falcão-peneireiro, o coelho-bravo e muitas espécies de escaravelhos. Para a memória ficam também os rastos de toupeiras.

 

 

“Um dos momentos mais interessantes das actividades tem sido a visita aos antigos tanques de rega existentes no parque”, acrescentou o biólogo. “Estes pequenos habitats aquáticos têm vindo a recuperar a sua biodiversidade, nomeadamente no que diz respeito às espécies de invertebrados aquáticos e de anfíbios.”

Para os naturalistas locais, um dos momentos altos do dia é “perceber e poder observar momentos do processo de metamorfose dos anfíbios através do estado de evolução das larvas, ver como barqueiros e alfaiates usam os dois lados da superfície da água ou ainda imaginar como pode um ser aquático de aspecto voraz transformar-se num insecto gracioso como uma libélula”.

 

 

Além disso, “a presença de espécies exóticas no parque, provenientes muitas vezes de outros continentes é também um assunto que surpreende muito os participantes”. Durante o Bioblitz ouviram-se as histórias das introduções e dos impactos causados por espécies como o Visão-americano, o Bico-de-lacre, o Góbio, a Gambusia e o Lagostim-do-Luisiana.

 

 

Neste momento, o Parque da Devesa tem 64 espécies identificadas, “50 são espécies de vertebrados (a quem mais nos temos dedicado) e 14 invertebrados”.

 

 

Segundo Vasco Flores Cruz a lista tem “38 espécies de aves, cinco de mamíferos e quatro de anfíbios”. “Nesta ultima actividade, fruto das temperaturas mais elevadas e do menor caudal e melhor visibilidade do rio Pelhe, acrescentámos à nossa lista a Lagartixa-de-Bocage, o Góbio e a Gambusia que vêm representar os grupos dos répteis e dos peixes, respectivamente.”

 

 

O próximo Bioblitz já está marcado. Será no dia 23 de Outubro. “Esperamos ver ainda algumas espécies de aves migratórias como os papa-moscas, verificar se as invernantes como os corvos-marinhos e as petinhas-dos-prados já regressaram, procurar nos tanques tritões adultos e perceber se regressaram bem da pausa estival”.

 

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça a história de António Cruz, um auditor que, nos tempos livres, identifica e regista as aves que observa no Parque da Devesa.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.