Foto: Joana Bourgard

Futuro da conservação da nossa floresta

A Wilder desafiou os leitores a partilharem as suas ideias sobre como gostariam que fosse a floresta portuguesa e o que é necessário fazer para a proteger. Aqui fica o testemunho da leitora Filipa Simões Dobos.

 

O grande desafio na reflorestação da floresta portuguesa é incentivar os proprietários a plantar árvores autóctones, de crescimento lento e sem rendimento financeiro imediato tais como os sobreiros, castanheiros, carvalhos e alguns pinheiros, e levá-los a desistir dos eucaliptos, que sempre acabam por render (mal, mas rendem) de 10 em 10 anos.

Idealmente, e para que os resultados possam ser mais eficientes e eficazes, este incentivo deveria vir da parte das entidades municipais. Como é que Câmaras e proprietários podem ambos beneficiar de uma iniciativa destas de forma a que o eucalipto não volte a ser uma opção? Ou seja, tornar esta iniciativa numa acção que beneficie todas as partes. “Win-win“.

Algumas ideias são aplicar para Fundos Europeus disponíveis nas áreas de sustentabilidade ambiental e Mitigação de Alterações Climáticas e que possam financiar projectos inovadores e empreendedores para a reflorestação da região e salvaguarda da biodiversidade, que envolva e beneficie todas as partes: as Câmaras Municipais e proprietários motivados na recriação da floresta original.

Outra ideia, ainda com estes fundos: as terras dos pequenos proprietários poderiam ser compradas, transformadas em zonas/parques naturais protegidos e geridos por uma entidade (idealmente a própria comunidade) que garanta uma manutenção ética e sustentável.

E ainda tornar os castanheiros e os seus frutos num projecto rentável. Por exemplo, uma cooperativa que possa apoiar os proprietários a produzir e lançar no mercado um produto local e de grande qualidade: a castanha! Tal como o Fundão promove a cereja, porque é que a Castanheira não promove a castanha como produto único e de qualidade inigualável no país e na Europa?

Ficam algumas ideias. Não tenho soluções mas acredito que juntos podemos ser criativos e abrir muitas possibilidades 😉

Pela floresta e pela Vida.

 

[divider type=”thick”]Que soluções para a floresta portuguesa?O período crítico para os incêndios em Portugal já começou. Por isso, decidimos lançar uma nova série Wilder, “Que soluções para a floresta portuguesa?”. Vamos falar com várias pessoas ligadas às florestas e também queremos saber a sua opinião. Pode enviar as suas ideias sobre o futuro da conservação da nossa floresta para o email [email protected]. O que é necessário fazer? Como gostaria que fosse a floresta portuguesa?

E para se inspirar, releia a série Cuidadores de Florestas, onde lhe mostramos os portugueses que estão a cuidar das florestas ao longo de todo o ano. Conte-nos o que está a fazer para ajudar as árvores de Portugal ([email protected]).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.