Os melhores censos para participar na Primavera

Para celebrar o Dia da Terra, a Wilder e 18 investigadores e naturalistas sugerem-lhe os melhores censos onde pode participar nesta Primavera.

Esta é uma lista de 13 projectos para inventariar as espécies de Portugal que precisam dos cidadãos. Uns duram umas horas, como o Bioblitz em Serralves, outros duram três anos, como o III Atlas das Aves Nidificantes de Portugal. Mas todos têm uma coisa em comum: só são possíveis com a sua ajuda.

“Só se conseguem projectos de larga escala com o maior número de observadores possível porque nós, sozinhos, não os podemos assegurar”, diz Vanessa Oliveira, gestora do programa de voluntariado da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea). A boa notícia é que “cada vez há mais pessoas interessadas, com mais ou menor conhecimento das aves”.

Nas vésperas do Bioblitz 2015, João Almeida, director do Parque de Serralves, avisa que é preciso “envolver mais as pessoas no mundo natural, para que seja mais fácil valorizarem-no”. Com a monitorização das espécies consegue-se isso e também a aproximação dos cidadãos aos cientistas. Esta tem sido uma aposta de Serralves, através de um grupo de cientistas residentes naquele espaço, direccionado para a Biodiversidade.

“A importância dos cidadãos em projectos destes passa muito, por exemplo, por nos permitirem conhecer como estão as espécies a reagir às alterações climáticas”, acrescenta. “É importante quando as pessoas registam espécies não nativas em determinado local porque isso é um bom indicador do que se está a passar.”

Actualmente, “o contacto com a natureza não é grande, especialmente para as pessoas que vivem nas cidades. É preciso que estejamos mais atentos ao mundo natural, onde aparecem as espécies, e ver que curiosidades encerram”, alerta ainda o director do Parque de Serralves.

 

E agora, a lista prometida:

Bioblitz Serralves 2015: No dia 25 de Abril participe na inventariação relâmpago das espécies que vivem no Parque de Serralves. O desafio é grande: das 08h00 às 20h00, equipas de investigadores estarão à sua espera em estações dedicadas a aves, anfíbios, répteis, micro-mamíferos, morcegos, insectos, aranhas, plantas, líquenes e cogumelos para o ajudar a contar o maior número de espécies que conseguir. Actualmente, Serralves tem mais de 60 espécies. E quando o Bioblitz terminar, pode sempre continuar a inventariar e a monitorizar a biodiversidade através da plataforma para o efeito.

12 meses, 12 plantas: Até ao final de Abril registe no mapa de Portugal as roselhas que encontrar para ficarmos a conhecer a sua distribuição no país. Esta é a última de 12 espécies que fizeram parte desta iniciativa conjunta do Flora-on e do Biodiversity4all.

III Atlas das Aves Nidificantes de Portugal: Há dez anos eram 235 as espécies de aves que se reproduziam em Portugal. E hoje? Será que são menos ou mais? Várias entidades de conservação e ornitólogos juntaram-se para voltar a fazer esta contagem. Mas a tarefa é difícil e precisa de todos. Junte-se a esta missão com as suas observações, de 15 de Março de 2015 ao final de 2018.

Mapa de avistamentos de plantas invasoras em Portugal: As mais de dez espécies de acácias no país estão em floração nesta altura do ano e, por isso, esta é a época ideal para as identificar e registar no mapa das plantas invasoras de Portugal. Esta iniciativa pretende saber onde estão as acácias e outras espécies exóticas invasoras que ameaçam a nossa biodiversidade. Até ao momento, o mapa já tem mais de 5000 avistamentos. No site do projecto encontra guias de identificação que o vão ajudar.

Maratona Herpetológica da Mitra: Em Junho junte-se ao Conselho de Estudantes de Biologia de Évora e parta à procura das espécies de répteis e anfíbios da Herdade da Mitra, pólo da Universidade de Évora, e registe todas as que encontrar. Esta é uma actividade que ainda está em preparação, mas fique atento à data, que será marcada brevemente.

Rede de Observação de Aves e Mamíferos Marinhos: participe nos dias específicos dedicados à observação de aves marinhas, em diferentes locais ao longo da costa. Ajude a registar todas as passagens de aves, incluindo informações como a espécie, número de aves, direcção de voo, etc.

Censo de Aves Comuns: Todos os anos desde 2004 se faz este censo para conhecer como estão as populações das aves mais comuns que existem em Portugal. A época de campo deste ano começou a 1 de Abril. Só precisa de ter bons conhecimentos em identificação de aves, duas manhãs livres (em Abril e em Maio) e inscrever-se.

Inventário de charcos: Um charco pode ter mais espécies do que um rio e há muitos animais e plantas que estão totalmente dependentes deles para sobreviver. Ajude a saber quantos charcos existem no país e em que locais, registando as suas observações neste mapa.

Registo dos esquilos-vermelhos em Portugal: Quantos esquilos-vermelhos vivem em Portugal? Até ao momento, um inquérito online registou 535 respostas, ao longo de um ano. Apesar do inquérito ter terminado, os responsáveis continuam a querer conhecer melhor esta espécie em Portugal. Por isso, publique os seus registos de esquilos, de ninhos, pinhas roídas ou atropelamentos na página do Facebook criada para o efeito. Nesta altura do ano, os juvenis andam a explorar as florestas. Aproveite!

Projecto de Estações de Esforço Constante: De 25 de Março a 22 de Julho, anilhadores devidamente credenciados organizam sessões em vários pontos do país para estimarem a abundância de adultos e juvenis de várias espécies nidificantes, baseando-se na captura de aves em redes verticais. Estes resultados contribuem para a monitorização da biodiversidade em Portugal. Se quiser participar nas sessões, contacte previamente a Associação Portuguesa de Anilhadores de Aves (APAA).

Geobserver: Explore a Serra da Estrela e contribua para criar um mapa da sua biodiversidade. Adicione as suas observações às que já estão registadas: 852 espécies de fauna, 286 espécies de flora e 126 espécies de fungos. O site da iniciativa tem guias de identificação e uma equipa de coordenadores de biodiversidade para validar os dados.

Contagem de borboletas em Bragança: Nos dias 16 de Maio, 13 de Junho e 11 de Julho registe as espécies de borboletas que observar ao longo de um percurso de 1,6 quilómetros na Estação da Biodiversidade de Carrazedo. Aqui poderá ver mais de metade das espécies de borboletas diurnas que voam em Portugal.

RIPAR nas EBio- Registar, Identificar e Partilhar nas Estações da Biodiversidade: existem hoje 22 estações de Biodiversidade espalhadas de Norte a Sul do país. De 22 de Abril a 18 de Setembro, decorre um projecto de “citizen science” que lhe sugere que explore as estações e registe as espécies que encontrar através da fotografia e colabore activamente na sua inventariação e monitorização.

Pé n’A Terra 2015: Na semana de 16 a 24 de Maio, para celebrar o Dia da Biodiversidade a 22 de Maio, organizações não governamentais de ambiente (ONGA), empresas de turismo de natureza, centros de ciência viva, museus, centros de investigação, entre outros, organizam uma série de actividades para conhecer e registar a biodiversidade nacional. Registe as espécies que observar durante essas iniciativas, no site do Biodiversity4all.

 

[divider type=”thin”]Envie para o nosso email ([email protected]) as suas fotografias a participar nestes censos. Ainda durante a Primavera queremos publicar um artigo com aquilo que os leitores da Wilder viram e fizeram.  Além das fotografias envie um pequeno texto, com cerca de 500 caracteres, para nos contar a sua experiência. Ficamos à sua espera.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.