Que animal deixou estas pegadas?

Joaquim Pedro Ferreira, biólogo na Universidade de Aveiro, respondeu à pergunta naturalista de um leitor da Wilder. Mário Reis encontrou estas pegadas na Serra de Aire e ficou curioso: de que animal seriam?

 

Mário Reis diz que se interessa pela natureza desde que se conhece. Hoje com 58 anos, este professor universitário e agrónomo, doutorado em Produção Vegetal, continua a ir para o campo.

Um dia descobriu estas pegadas no arrife da Serra de Aire, perto de Torres Novas. “Encontrei as pegadas quando tentava encontrar vestígios da presença de javalis”, contou à Wilder.

 

 

 

Mário Reis achou “curiosa a perfeita sobreposição das passadas, parecendo que o animal tinha duas ordens de unhas”. Mas a que espécie pertenciam? Ficou curioso e decidiu pedir a nossa ajuda para uma identificação.

 

 

 

Contactámos o biólogo Joaquim Pedro Ferreira que esclareceu a identidade do “dono” das pegadas: são de texugo (Meles meles), animal que pode ter um metro de comprimento e pesar entre cinco e 10 quilos.

 

Texugo. Foto: James Lindsey/Wiki Commons
Texugo. Foto: James Lindsey/Wiki Commons

 

Na verdade, segundo Mário Reis, sempre existiram texugos naquela região, mas mais recentemente também começaram a aparecer lontras “por causa das inúmeras charcas para rega que ali existem”.

O texugo é um animal com duas listas pretas na cabeça, da ponta do nariz às orelhas. Tem patas robustas e garras grandes não retractáveis com cerca de dois centímetros e cinco dedos.

 

 

Segundo o livro “Um olhar sobre os carnívoros portugueses” (2012), o texugo vive em praticamente todo o território português, menos nas ilhas. Habita em bosques, montados e em achas de vegetação perto de rios e ribeiras e está mais activo ao final do dia e durante a noite. Os seus alimentos preferidos são os insectos e os frutos.

O Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005) classifica o texugo como espécie de estatuto de conservação Pouco Preocupante. Ainda assim há ameaças, como os atropelamentos, a perda de habitat e a diminuição de alimento.

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Descubra aqui como identificar as pegadas de lontras, ginetas, texugos e raposas.

Conheça a equipa que está a mapear a população de texugos na Serra de Sintra.

Saiba o que está a acontecer aos texugos em Inglaterra.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.