Verdinha-da-primavera em Aljezur, a 1 de Março de 2016

Tudo o que precisa saber para procurar as primeiras borboletas de 2018

Esta é a altura certa para sair de casa e procurar as primeiras borboletas do ano. Albano Soares, do Tagis – Centro de Conservação das Borboletas de Portugal, diz-lhe quais as espécies e onde e quando procurar.

 

Nesta altura do ano já há borboletas a voar. Depois do frio e dos dias cinzentos de Inverno chegam o Sol e as temperaturas mais amenas. As que observar agora em voo são borboletas de ovos que foram postos no ano passado. Estão à procura de parceiro, a acasalar e a pôr os seus ovos.

É a partir de Março que a maioria das cerca de 130 espécies de borboletas diurnas que ocorrem em Portugal estão a voar. Mas há várias que começam mais cedo.

Para ajudar a saber mais sobre estes fantásticos insectos, o Tagis lançou esta semana um desafio aos cidadãos naturalistas de Norte a Sul do país: procurar e fotografar as borboletas que encontrar durante 2018.

Tudo o que tem a fazer é enviar as suas fotografias de borboletas, com data e local, para a página de Facebook do Tagis. As imagens serão partilhadas e comentadas. Além disso, se for necessário, os especialistas ajudam-no a identificar a espécie que fotografou.

“Quisemos chamar a atenção das pessoas para as borboletas”, explicou ontem Albano Soares, da Tagis, à Wilder. “É uma forma de saírem de casa e irem à procura de borboletas, de celebrarem a Primavera. E nós ficamos a saber um bocadinho mais sobre estes insectos e sobre aquilo que as pessoas encontram.”

A galeria de imagens de 2018 já tem uma borboleta. É uma tartaruga-grande (Nymphalis polychloros) e foi fotografada por Albano Soares a 16 de Fevereiro na Ribeira do Mosteiro, em Freixo de Espada à Cinta. “É a primeira borboleta que vimos este ano”, diz.

Aqui fica o que precisa saber para encontrar as suas primeiras borboletas de 2018:

Onde: procure as borboletas em áreas com plantas em flor e expostas ao Sol. Pode escolher um jardim ou parque urbano, uma zona rural, uma floresta ou até uma praia.

Quando: a melhor altura do dia para procurar borboletas é ao final da manhã e início da tarde, nos dias de Sol e com temperaturas entre os 15ºC e os 16ºC. Nesta época do ano, as borboletas procuram as áreas mais soalheiras e quando faz mais calor.

Seis espécies para procurar: são várias as borboletas que podemos ver no Inverno. À excepção das que  se vêem durante todo o ano como adultos, como a borboleta-branca-da-couve, estes insectos são aqueles que passaram o Inverno como adultos ou crisálidas. Pode notar que algumas borboletas têm as asas amachucadas, depois do tempo que passaram abrigadas debaixo de cascas de árvores ou no forro dos telhados. Albano Soares indica-lhe seis borboletas mais fáceis de encontrar nesta época do ano. “Escolhi estas seis espécies que, por imperativos da sua biologia, só voam no Inverno e princípio da Primavera ou que, apesar de voarem durante grande parte do ano, são mais visiveis por esta altura”.

 

Almirante-vermelho (Vanessa atalanta):

Borboleta almirante-vermelho na Mata de Alvalade, Lisboa, a 7 de Fevereiro de 2016

Estas borboletas passam o Inverno na forma adulta, podendo por isso ser observados exemplares durante todo o Inverno (em dias de Sol). É comum em todo o território e facilmente avistada em ambiente urbano.

 

Tartaruga-grande (Nymphalis polychloros):

Tartaruga-grande em Vila Velha de Rodão, a 29 de Maio de 2014

A tartaruga-grande também passa o Inverno na forma adulta. Acasala no fim do Inverno e princípios da Primavera. Os adultos começam a voar por volta de Maio mas são pouco visíveis, uma vez que andam pelas copas das árvores. A espécie é mais visível de Janeiro a Março e pode ser encontrada em todo o território nacional (especialmente no Norte), por vezes mesmo em ambiente urbano.

 

Verdinha-da-primavera (Tomares ballus):

Verdinha-da-primavera em Aljezur, a 1 de Março de 2016

Os adultos voam exclusivamente no fim do Inverno e início da Primavera. Passam grande parte do ano em crisálida. Pode ser observada mais facilmente no Sul do território.

 

Branca-portuguesa (Euchloe tagis):

Branca-portuguesa na Arrábida, a 13 de Março de 2016

Os adultos comecam a voar cedo (por vezes em Dezembro). Só tem uma geração conhecida que voa até princípios de Maio. Passam todo o Verão, Outono e parte do Inverno na forma de crisálida. Esta borboleta pode ser observada nas áreas de calcário no Sul e Centro de Portugal.

 

Esverdeada-dos-nabais (Euchloe crameri):

Esverdeada-dos-nabais em Portalegre, a 18 de Fevereiro de 2016

Os adultos começam a voar por vezes em Janeiro. Tem pelo menos duas gerações, a segunda voa por volta de Abril e Maio. Passam grande parte do ano no estado de crisálida (parte do Verão, Outono e Inverno). Pode ser observada um pouco por todo o território, mesmo em ambiente urbano.

 

Euchloe belemia:

Euchloe belemia em Mora, a 15 de Janeiro de 2016

Os adultos voam por vezes desde Dezembro. Tem pelo menos duas gerações, a segunda voa por volta de Abril e Maio. Passam grande parte do ano no estado de crisálida. Podem ser observadas principalmente no Sul de Portugal, por vezes mesmo em ambiente urbano.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Partilhe aqui as suas fotografias de borboletas ao longo de 2018

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.