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Um Bioblitz em Serralves para descobrir a natureza

A terceira edição do Bioblitz de Serralves arranca já esta segunda-feira, com um convite às escolas para descobrirem a natureza do parque até sexta. No sábado, dia 14, vai ser o público em geral a partir em busca da biodiversidade neste espaço verde, situado no centro da cidade do Porto.

 

Mas o que é um Bioblitz, afinal? Trata-se de uma “inventariação relâmpago de espécies de animais e plantas” – neste caso nos cerca de 18 hectares do Parque de Serralves -, que se distingue de uma inventariação científica porque é aberta a todos os interessados, adiantam os organizadores.

No fundo, explicam, “é uma oportunidade única de contribuir para aumentar a lista de espécies identificadas, trabalhar lado a lado com investigadores e conhecer melhor a fauna e flora de Serralves.”

E apesar de ser uma actividade aberta a todos os públicos, o Bioblitz vai contar com o apoio de biólogos e investigadores ligados às diversas áreas da biodiversidade que prometem orientar os participantes de várias idades no reconhecimento das espécies.

Assim, tanto para as escolas como para o público em geral, estão previstas várias saídas de campo dentro do Parque, conduzidas por especialistas do CIBO-InBio (Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, Laboratório Associado) que, tal como nas anteriores edições, continua a ser o parceiro científico desta actividade.

Vão estar espalhadas pelo parque, aliás, várias estações de inventariação de biodiversidade, onde se realizam diferentes oficinas e de onde partem as saídas de campo.

No sábado, 14 de Maio, o dia começa logo pelas 08h00 na Estação de Inventariação das Aves, na Clareira das Azinheiras, com três sessões seguidas de anilhagem entre as 08h00 e as 12h00. Nesta estação está ainda prevista uma oficina educativa ao longo do dia. Ao final da tarde e à noite, realizam-se também aqui saídas de campo, a última com início às 21h00.

Por todo o parque, vão estar distribuídas ainda mais cinco estações de inventariação: de anfíbios e répteis, de micromamíferos e morcegos, de insectos, de plantas (árvores, arbustos e briófitas), de líquenes e cogumelos, cada uma com as respectivas visitas guiadas em busca das espécies e também com oficinas educativas, estas últimas para enquadrar os temas da biodiversidade “de forma lúdica e divertida”.

 

 

 

Quem desejar, aliás, pode participar em saídas de campo ao longo do dia todo, terminando ao final da noite, entre as 22h00 e as 23h00, com as dos anfíbios e dos morcegos.

 

 

No entanto, os mais experientes têm também oportunidade para se lançarem no desafio de ir sozinhos à descoberta da biodiversidade do parque. Para isso, a organização vai ter disponíveis kits com material para monitorização de espécies.

“Será possível identificar animais e plantas, inventariá-las e registar os dados na plataforma online de Serralves ‘Biodiversidade e Ambiente’”, explicam os organizadores. Será nesta plataforma que todos os dados vão ficar visíveis, para quem tiver curiosidade em conhecê-los.

E se alguém quiser testar os conhecimentos já adquiridos, pode ainda participar no BioQuiz, “um jogo animado de perguntas sobre biodiversidade”.

 

Bioblitz em 2015 registou 118 espécies

 

Se os números do Bioblitz de 2015 se repetirem, espera-se que cidadãos e escolas registem este ano, pelo menos, mais de 100 espécies de animais e plantas dentro dos 18 hectares ocupados por este espaço verde portuense.

Na edição do ano passado, realizada num fim-de-semana do final de Abril, escolas e cidadãos em geral fizeram o registo de 118 espécies diferentes. Destas, mais de metade (62) eram novas para os registos do Parque – em especial insectos, líquenes e briófitas (grupo que inclui os musgos), que faziam parte dos grupos menos estudados neste local.

A recaptura de um chapim-rabilongo que já tinha sido anilhado um ano antes, na primeira edição deste Bioblitz, em 2014, foi um dos momentos que marcaram essa actividade do ano passado.

Também a descoberta de que o escaravelho-rinoceronte (Oryctes nasicornis) se reproduz dentro deste espaço verde entusiasmou os cientistas até porque mostra que Serralves “é um refúgio estratégico na cidade do Porto”, afirmou na altura o director do Parque, João Almeida, à Wilder.

No ano passado, o Bioblitz reduziu-se a apenas dois dias, ao contrário do que sucede este ano. Ainda assim, no dia das escolas, estiveram presentes 1.658 pessoas, enquanto no dia seguinte, aberto ao público em geral, compareceram 1.296 visitantes.

 

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

Se desejar conhecer melhor o programa do Bioblitz Serralves em 2016 e quais são as diferentes actividades previstas, pode ler tudo aqui.

Para saber como decorreu o Bioblitz de 2015, no Parque de Serralves, pode ler o artigo que a Wilder escreveu nessa data.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.