Foto: Município de Vila do Bispo

10 coisas que vai gostar de fazer no Festival de Birdwatching de Sagres em Outubro

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O festival que mostra o espetáculo da migração de aves e o melhor da natureza do barlavento algarvio chega este ano de 1 a 5 de Outubro, em Sagres. O programa do evento, na sua 12ª edição, tem mais de 150 actividades e foi apresentado ontem.

O Festival de Birdwatching de Sagres não acontece por acaso. Realiza-se na data certa, no local certo. O evento quer que os participantes aproveitem ao máximo o espectáculo único que é a migração de milhares de aves que se dirigem para África para passar o Inverno.

“Sagres localiza-se no extremo sudoeste de Portugal (e da Europa) e por isso é um local de convergência de aves migratórias”, explicou anteriormente à Wilder Joana Domingues, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).

Foto: Município de Vila do Bispo

Durante o Festival é possível observar espécies raras e consideradas um “prémio para os ornitólogos”, como a petinha-de-richard (Anthus richardi) – ave “bastante rara em Portugal”, segundo o portal Aves de Portugal, e que é uma migradora proveniente das paragens longínquas da Sibéria, que ocorre entre nós sobretudo como migrador de passagem – e ainda concentrações invulgares, como os bandos de cegonha-preta (Ciconia nigra), com até 100 aves. 

Na verdade, a cegonha-preta é a espécie escolhida como cabeça de cartaz desta 12ª edição do Festival e pode ser observada com relativa facilidade na altura da migração.

“Mais esquiva do que a cegonha-branca, a cegonha-preta vê-se geralmente sozinha ou em casais (na época de reprodução), mas entre Agosto e Outubro, quando migra para África, podem juntar-se bandos que chegam às 100”, explica a SPEA em comunicado. “É nesta altura que é mais fácil de observar e, no nosso país, a zona de Sagres é local privilegiado para o fazer, precisamente por altura do Festival. É então que cegonhas-pretas vindas do centro da Europa congregam aqui, procurando passagem para África. Como dependem das correntes térmicas para planar, e essas correntes de ar quente só se formam sobre a terra, estas aves procuram atravessar o mediterrâneo pelo caminho mais curto, em Gibraltar.”

As inscrições para as mais de 150 actividades já estão abertas. Depois de se inscrever, é só rumar a Sagres, recolher a sua pulseira e começar a aproveitar o Festival.

Aqui ficam 10 sugestões do que poderá (e gostará) de fazer em Sagres:

Aprender a fotografar aves:

No programa do Festival há várias actividades onde fotógrafos de natureza lhe ensinam técnicas para fotografar aves. Há, por exemplo, saídas de campo para aprender a fotografar aves costeiras e aves nocturnas e ainda um curso de curta duração para aprender a fotografar com o hidrohide, um abrigo flutuante que nos permite ficar muito perto das aves.

Observar aves marinhas de perto:

A bordo de iates ou semi-rígidos, poderá sair para o mar guiado por biólogos e descobrir aves marinhas pelágicas. “Esta região é atualmente reconhecida como um dos únicos locais na Europa onde se podem observar algumas espécies de aves marinhas pelágicas”, explica a SPEA. Poderá ter a sorte de ver, e fotografar, pardela-de-barrete, pardela-sombria, painho-de-Wilson, moleiro-rabilongo ou gaivota-de-audouin.

Aprender a registar aves num caderno de campo:

“Manter um caderno de campo com registo das observações pode ajudar os observadores de aves a evoluir nesta prática mais rapidamente, torna as suas observações mais valiosas para si próprios e para a ciência e pode servir de diário para mais tarde recordar”, explica a SPEA. Durante o Festival haverá uma pequena sessão teórica sobre registos de campo para observação de aves (15-30min), seguida de uma sessão prática (45-60min) para pôr em prática os conceitos. Nesta atividade, ficará a saber quais os dados que se devem registar e conhecer uma nova ferramenta que ajuda nesta tarefa.

Assistir a sessões de anilhagem e aprender técnicas de anilhagem científica de aves

Normalmente, os dias do Festival começam com sessões de anilhagem de aves, logo às 07h30. “A anilhagem de aves consiste num processo de captura, marcação, estudo e posterior libertação”, segundo a SPEA. Poderá juntar-se ao grupo de anilhadores e assistir às sessões e assim ficar a conhecer de perto as aves que todos os anos passam nesta região. Para quem quiser saber mais, há workshops de anilhagem científica que incluem a demonstração prática de técnicas de anilhagem e, se a meteorologia o permitir, a colocação de redes para anilhar aves.

Aprender a desenhar aves:

Neste workshop poderá aprender a desenhar aves no seu caderno de campo, conhecendo técnicas para fazer esboços, com especial destaque para as aves. O objectivo é que se torne capaz de desenhar as aves que está a ver na natureza e fazer esse registo no seu caderno de campo. O Festival terá ainda outros workshops que lhe vão ensinar mais sobre o desenho de aves, nomeadamente como desenhar a grafite, a esferográfica, a lápis de cor e a aguarela.

Observar golfinhos:

Nem só de aves vive este Festival. Há várias saídas marítimas previstas para a observação de cetáceos, onde poderá partir à descoberta de golfinhos. Como bónus poderá também ter a sorte de ver tubarões, peixes-lua ou até mesmo tartarugas-marinhas.

Participar na monitorização de aves planadoras:

Poderá integrar uma equipa de investigadores que está a monitorizar a migração das aves, especialmente rapinas, no âmbito de um estudo sobre impactes de parques eólicos sobre a avifauna na região.

Aprender a construir caixas-ninho para aves:

Torne-se um perito na construção de caixas-ninho para aves, nomeadamente para as diferentes espécies de chapim que ocorrem em Portugal. Aprenda qual a importância de construir caixas-ninho, quais os segredos para as construir e instalar e qual o papel das espécies para o equilíbrio dos ecossistemas. Esta actividade insere-se no projecto “Alojamento Local para Aves”, que está a ser implementado em toda a região do Algarve e que visa beneficiar algumas espécies de aves urbanas.

Capturar e identificar borboletas nocturnas:

Das 22h00 às 23h59, junte-se aos entomólogos que estudam as borboletas nocturnas, numa sessão de campo onde serão capturadas e identificadas várias espécies. Estes são insectos muito importantes na cadeia alimentar e têm um grande papel na polinização das plantas. O ponto de encontro é a Fortaleza de Sagres.

Actividades para crianças:

As crianças também podem participar neste Festival, havendo várias actividades feitas à sua medida. Além de poderem assistir à anilhagem de aves poderão jogar a peddy-papers para descobrir aves e o mundo natural; ajudar a arrancar o chorão-das-praias na Fortaleza de Sagres; ouvir contos infantis/juvenis na praia; ajudar biólogos a detectar ninhos de chilreta (fictícios) na praia e a contar e medir os seus ovos; construir aves com diferentes materiais; fazer uma caminhada à procura de folhas e dos seus mistérios e procurar os diferentes animais que vivem nas praias, tanto no areal como na zona de rochas. Entre tantas outras actividades por onde escolher.

Este evento é organizado, mais uma vez, pela Câmara Municipal de Vila do Bispo, em parceria com a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e a Associação Almargem. 

A SPEA recomenda que “se inscreva o mais rapidamente possível, pois todos os anos há atividades que esgotam logo no lançamento”. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.