Assista em directo ao que se passa num ninho de andorinha

Raras vezes conseguimos mais do que um vislumbre de uma andorinha, exímios e velozes voadores que nos trazem a Primavera. É por isso que lhe sugerimos assistir em directo às imagens que a Sociedade Espanhola de Ornitologia está a captar de um ninho ocupado por um casal de andorinhas.

 

A webcam, que permite ver e ouvir o que se passa num ninho de andorinhas durante as 24 horas do dia, foi instalada no campus da Universidade Autónoma de Madrid pela Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife) pelo segundo ano consecutivo.

“A câmara está localizada num sítio um tanto ou quanto singular, concretamente numa garagem” da universidade, explica a SEO, em comunicado. É daqui que o grupo local SEO-Monticola segue, há 15 anos, a colónia de andorinhas que hoje tem mais de 100 casais.

“As imagens em directo aproximam-nos da reprodução das andorinhas e podemos ver como o casal leva material para manter o ninho”, acrescenta a organização.

Se observar atentamente o ninho pode conseguir responder a estas questões: quanto tempo demora a incubação dos ovos? A fêmea está sempre a cuidar dos ovos ou abandona o ninho de vez em quando? Com que frequência se alimentam as crias?

A verdade é que ainda falta saber muito sobre a migração das andorinhas. “Ainda que estejam a ser anilhadas com frequência há décadas, as poucas recuperações em África de exemplares marcados dão uma informação parcial que não permite conhecer as zonas de invernada dos exemplares de cada região”, lembra a SEO.

Na colónia da Universidade Autónoma de Madrid foram marcadas várias andorinhas. Duas foram recuperadas no ano seguinte, depois de uma viagem de mais de 7000 quilómetros até às zonas de savana e bosque tropical da África ocidental no Burkina Faso, Costa do Marfim, Gana e Mali.

A andorinha-das-chaminés (Hirundo rustica), uma das primeiras espécies estivais a chegar ao país, está a sofrer um forte declínio em toda a Europa, causado pelo uso intensivo de pesticidas no campo – o que diminui o seu potencial reprodutor e mata os insectos que são o seu alimento – e o despovoamento rural – o que faz com que os seus locais de nidificação preferidos sejam abandonados ou destruídos. Além disso, a perseguição directa, a falta de sítios adequados para nidificar nos edifícios modernos e a escassez de material para construírem os ninhos nas cidades contribuem para esse declínio.

[divider type=”thin”]E se quiser ver mais webcams de vida selvagem, deixamos aqui outras sugestões, desta vez em Portugal. Caso conheça alguma outra, contacte-nos para o email: [email protected]

Ninhos em Directo: ninhos de chapins-reais no Parque Florestal de Monsanto

Natureza em Directo (Ecosfera): ninhos de cegonha-branca em Porto Alto; morcegos nas grutas na nascente do rio Alviela e ninhos de grifo nas escarpas do rio Tejo.

 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.