observadores de aves numa praia em Sagres
Foto: Diogo Oliveira

Cinco motivos para ir ao Festival de Observação de Aves em Sagres

Falta pouco mais de uma semana para começar a nona edição do Festival de Observação de Aves de Sagres, no Algarve, entre os dias 4 e 7 de Outubro, de quinta-feira a domingo. A Wilder falou com André Pinheiro, ligado à organização, e diz-lhe cinco motivos pelos quais vale a pena ir e o que fazer quando lá chegar.

 

1. Conhecer outros observadores de aves e naturalistas (muitos de outros países)

Observadores de aves com binóculos
Foto: SPEA

 

De ano para ano, o número de visitantes no Festival de Sagres tem vindo a crescer. No total, 2.137 pessoas participaram em actividades do festival em 2017, o que representou o dobro do ano anterior. Para esse aumento contribuiu o comboio histórico que pela primeira vez ligou a vila de Sagres ao Forte do Beliche, e que agora vai novamente acontecer. A componente internacional também é forte: no ano passado, houve visitantes de 44 países, entre os quais o Senegal, Colômbia, EUA, Vietname e Hungria, mas o maior número de visitantes estrangeiros chegou da Holanda, Alemanha e Reino Unido – países onde a observação de aves é favorita. “Este ano, esperamos que o crescimento de participantes se repita”, acredita André Pinheiro, da Almargem (Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve), que organiza o evento juntamente com a SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) e a Câmara Municipal de Vila do Bispo.

 

2.  Participar em inúmeras actividades de natureza, incluindo uma centena gratuitas

dois golfinhos saltam fora da água do mar
Foto: Carla Salvador / CMVB

 

Há mais de 200 actividades agendadas para os quatro dias do festival, que tem o Forte do Beliche como recinto central mas espalha-se por vários locais ali próximos. A entrada numa centena de acções é gratuita e para muitas outras o custo é reduzido, incluindo saídas para observação de aves, workshops sobre captação de sons, fotografia e ilustração de natureza, caminhadas, observação de cetáceos e muitas outras. Mas vale a pena inscrever-se o quanto antes, pois a maioria tem um número limitado de participantes. “Não é suposto que este evento seja um eco-turismo de massas e queremos que continue a ter um impacto visual e ambiental relativamente reduzido”, explica André Pinheiro. Mais abaixo, conheça algumas sugestões que ainda têm vagas disponíveis.

 

3. Observar espécies de aves que nunca viu

um juvenil de alcatraz em voo
Juvenil de alcatraz, espécie residente. Foto: Carla Salvador / CMVB

 

Contas feitas, em 2017 os participantes registaram 169 espécies de aves observadas no âmbito do Festival, incluindo nove espécies raras em Portugal. Por Sagres, nesta altura do ano, passam muitos milhares de aves em migração do Norte da Europa para África, uma boa parte juvenis, e muitas aproveitam para descansar e ganhar energias para o resto da viagem. Acredita-se que muitas das juvenis ali chegam por ser uma rota mais fácil de seguir, ao longo da costa portuguesa, do que por uma das rotas principais que passa mais ao centro da Península Ibérica. Petinhas, toutinegras, abutres-do-Egipto, alcatrazes, águias-cobreiras e águias-perdigueiras – a Ave do Ano de 2018 – são algumas das espécies observadas, algumas delas residentes na região todo o ano.

 

4. Contribuir para a economia local

Todos os anos, a organização do Festival contacta as empresas parceiras para estimar qual foi o retorno desses dias. Em 2017, responderam ao inquérito metade dos parceiros – 30 empresas, na maioria de hotelaria e animação turística – que tinham facturado cerca de 31.000 euros em bruto. “Acreditamos que o valor total fica bastante acima”, afirma André Pinheiro. E adianta que a observação de aves está ligada a um tipo de turista que por norma tem algum poder económico, gosta de consumir de forma local, vem a Sagres fora dos meses de Verão e respeita a natureza. Se quiser alojar-se ou comer fora nos dias do Festival,  consulte a lista de empresas parceiras, que por norma dão descontos aos inscritos. “Mas é melhor tratar disso o quanto antes”, avisa o responsável da Almargem.

 

5. Assistir ao pôr-do-sol no Cabo de São Vicente

pôr do sol sobre o mar
Foto: Hendrik Dacquin / Wiki Commons

 

E já que está por Sagres, por que não ir assistir ao pôr-do-sol no Cabo de São Vicente? Conhecido por ser o ponto mais a Sudoeste da Europa, “muitos turistas vêm de propósito a Sagres” só para assistirem a este espectáculo da natureza. E assegure-se de que chega algum tempo antes, para conseguir um bom lugar.

 

[divider type=”thin”]Agora é a sua vez.

A Wilder foi espreitar o programa deste ano. Com a ajuda de André Pinheiro, da Almargem, que participa na organização do Festival, aqui ficam algumas sugestões de actividades, a maior parte gratuitas, nas quais se pode inscrever e participar:

1. Natureza à volta do Forte do Beliche (SPEA) – Nos dias 4, 5 e 6 de Outubro, saída para observação de flora e fauna nos matos mediterrânicos em redor do Forte do Beliche. Gratuito, mas com inscrição prévia.

2. Escutando a migração nocturna das aves (Magnus Robb) – Nesta palestra gratuita, 5 de Outubro às 18h00, o especialista Magnus Robb explica o que possível fazer através do ‘Nocmig’, ou seja, da utilização de equipamentos de gravação de sons para detectar os chamamentos de aves migradoras durante a noite. Gratuita e com inscrição prévia. [Segue-se uma actividade prática, na Fortaleza de Sagres, mas esta com as vagas já esgotadas.] Recorde uma saída nocturna com Magnus Robb.

3. Construção de assobios e chamarizes (Vasco Flores Cruz) Uma oficina gratuita no dia 4 (em inglês) e no dia 7 (português) para aprender a construir e utilizar alguns instrumentos tradicionais do Noroeste da Península Ibérica, que podem ajudar a atrair algumas aves. Para adultos e jovens a partir dos 10 anos. É necessária inscrição prévia.

4. Observação de Aves – Primeiros passos! (Grupo de Observadores de Aves do Algarve) – Estão previstas várias sessões deste mini-curso teórico e prático, gratuito, para dar uma ajuda a quem se quer iniciar na observação de aves. Entre os dias 5 e 7 de Outubro, algumas ainda com vagas disponíveis.

5. Anilhagem de aves – Uma actividade excelente para adultos e crianças verem as aves mais perto, é uma boa oportunidade para todos conhecerem melhor como se faz anilhagem e como esta contribui para a ciência. Várias sessões agendadas, algumas ainda com vagas. Gratuita e com inscrição prévia.

6. Oficinas de ilustração – Pela primeira vez, Sagres vai ter oficinas de ilustração. Helen Newton demonstra a técnica de sketching no Forte do Beliche e ajuda quem participar com os seus desenhos (gratuito, com inscrição prévia) e Ana Rita Afonso ensina a fazer ilustração científica com lápis de cor, numa actividade paga.

7. Cursos fotográficos (Diogo Oliveira) – Diogo Oliveira vai dar cursos de fotografia de acesso gratuito sobre técnicas de campo, edição e captação de imagens fotográficas. [Estão também previstas saídas de campo para fotografia, mas estas já têm as vagas esgotadas].

8. Caminhadas – Junte-se a outros caminhantes e vá descobrir o sector 14 da Via Algarviana, que passa pela região de Sagres, numa caminhada de 15 quilómetros, ou então as Encostas da Raposeira. Também pode partir à descoberta dos 17 quilómetros do Percurso Circular da Cordoama, um dos novos percursos da Rota Vicentina. Caminhadas gratuitas, com inscrição prévia.

9. De olho nas aves de rapina (SPEA) Venha descobrir as aves de rapina no novo posto de observação das Esparregueiras. Aproveite também a oportunidade para experimentar o material ótico da Swarovski e Opticron. Entre os dias 5 e 7 de Outubro, às 10h00. Actividade gratuita e com entrada livre.

10. A História de Sagres num comboio (Artur Jesus) – Ao longo de uma viagem de uma hora que parte do Porto de Pesca e passa por vários locais, como o centro de Sagres e o Cabo de São Vicente, fica a conhecer as datas e os acontecimentos mais marcantes da história da região. Todos os dias do Festival às 11h00, dia 7 também às 13h00. Gratuito, não é necessária inscrição.

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Este artigo faz parte de uma série de trabalhos patrocinados pelo Festival de Sagres. O conteúdo é inteiramente da responsabilidade da Wilder.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.