Festival de aves de Sagres. Foto: Vanessa Oliveira
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Coisas que vão dar jeito saber sobre o Festival de Sagres

O maior evento anual de observação de aves em Portugal realiza-se dentro de poucos dias, em Sagres, entre 1 e 4 de Outubro. A Wilder falou com Alexandra Lopes, coordenadora do Departamento de Cidadania Ambiental da SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), e dá-lhe a conhecer o que há de mais importante sobre o VI Festival de Observação de Aves de Sagres.

 

Como é que nasceu o Festival de Observação de Aves de Sagres?

Sagres sempre foi um local que atrai ‘birdwatchers’, nacionais e estrangeiros, sobretudo devido à sua importância como local de passagem na altura da migração outonal.

A SPEA realizou durante vários anos campanhas de monitorização de aves entre Setembro e Outubro, nas quais eram envolvidos muitos voluntários distribuídos por vários pontos de observação em Sagres, em que se registavam dados relativos à migração das aves.

Em 2009, no âmbito de um estudo que a SPEA e a Almargem realizaram para a Região de Turismo do Algarve (“Contributos para o desenvolvimento do birdwatching na região do Algarve”), surgiu a ideia de transformar estas campanhas em algo mais amplo, que fosse capaz de atrair o grande público (especialistas e amantes da natureza), baseado no turismo ornitológico – mas não sendo exclusivo da temática das aves. A ideia foi apresentada ao executivo camarário da altura, e que ainda se mantém, e a 1ª edição do Festival ocorreu em 2010.

Quais são os principais objectivos deste festival?

Promover e divulgar o turismo ornitológico, afirmar Sagres como o local privilegiado para a prática de ‘birdwatching’ e estimular o tecido empresarial local, com atividades na época baixa.

Quais são as cinco espécies de aves mais procuradas por quem vai ao Festival de Sagres?

Para um público mais especialista: Pardela-de-barrete, Casquilho, Grifo, Cegonha-preta, Gralha-de-bico-vermelho. E claro, as raridades.

Para o público em geral, este vai à procura de ver a maior diversidade possível. Isso tem sido possível no Festival, com mais de 100 espécies observadas nos dias do evento.

 

Pardela-de-bico-preto (Puffinus gravis) observada em Sagres. Foto: Jorge Meneses
Pardela-de-bico-preto (Puffinus gravis) em Sagres. Foto: Jorge Meneses

 

Quantos visitantes teve o Festival de Sagres em 2014 e quantos esperam receber este ano?

Tivemos 950 visitantes em 2014. Este ano, gostávamos de chegar aos 1000 participantes e o programa está desenhado nesse sentido. Mas dado que as eleições foram marcadas para a mesma data, ficaremos satisfeitos se conseguirmos manter o número do ano passado.

Famílias com crianças pequenas têm lugar no festival? A partir de que idades?

As famílias são um público que tem crescido no Festival e um público para o qual temos pensado, quando delineamos o programa. O objetivo é ter também atividades para os mais jovens, para que este seja um festival para um diversificado espectro de idades.

Há atividades para crianças a partir dos 6 anos, tais como: Mural das Aves; Pompons & Puzzles; Dar Voz às Aves; O que comem as corujas?; Corujas Vs Corvos; CSI: Aves; Yoga para crianças; Um manjar para cada bico e O que é uma flor? Iniciação ao mundo das plantas, ou um passeio de barco para observação de golfinhos.

 

Observação de cetáceos, em Sagres. Foto: Jorge Meneses
Observação de cetáceos, em Sagres. Foto: Jorge Meneses

 

Tendo em conta as disponibilidades de dormida e as vagas nas acções do festival, é necessária antecedência para tratar de tudo?

Aconselhamos a inscrição com antecedência nas atividades, dado que algumas costumam esgotar rapidamente. O mesmo acontece com alguns alojamentos. Mas se isso não for possível, há sempre atividades disponíveis para quem se inscrever na altura do festival (embora a oferta possa ser mais limitada).

No meio de tantas actividades para escolher ao longo do festival, muitas às mesmas horas, têm alguns conselhos para quem vai pela primeira vez a este festival e tem um orçamento limitado?

Definir o objetivo da participação no festival. Se a motivação for aprender, tentar ir aos ‘workshops’ e às saídas de iniciação; se a motivação for conviver, deve participar sobretudo em atividades ao ar livre, cuja duração não exceda as duas horas.

Se gosta de atividades aquáticas, escolher os passeios de golfinho e quem sabe uma aula de ‘scuba diving’; se gosta do tema das plantas, há várias iniciativas de campo e em sala, com óptimos monitores. Por fim, se alguém quer aproveitar para relaxar, há aulas de yoga e massagens.

A não perder: a libertação de uma ave recuperada!

Há muitas atividades gratuitas e mesmo as que são pagas têm preços reduzidos em relação ao que é habitual no resto do ano.

 

Oficina realizada no festival de Sagres. Foto: Rute Nobre
Oficina realizada no festival de Sagres. Foto: Rute Nobre

 

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Saiba mais aqui sobre o Festival, incluindo o programa, inscrições, opções de alojamento e alimentação.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.