Azinheira de São Brás de Alportel, uma das árvores em competição. Foto: Tracey Smith/Cristina Matias/Cláudia Guerreiro
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Concurso: Já pode votar para eleger a Árvore do Ano 2023

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Fique a conhecer as histórias de cada uma das 10 candidatas. A mais votada vai representar Portugal no concurso a nível europeu.

O objectivo deste concurso é “destacar a importância das árvores antigas na herança cultural e natural”, explica a UNAC – União da Floresta Mediterrânica, que organiza esta competição a nível nacional, e que adianta que “a Árvore Europeia do Ano não se foca apenas na beleza, no tamanho ou na idade da árvore, mas sim na sua história e relações com as pessoas”.

Este ano, na fase da competição a nível nacional, uma das árvores que participam no concurso português é a “Azinheira de Alportel”, no concelho algarvio de São Brás de Alportel, destacada pelo seu “notável porte”. “De idade multissecular – calcula-se que tenha 250 anos – ela tem uma relação íntima com a comunidade”, sendo “fonte de bolotas que as famílias comiam por tradição no Natal” e também “‘palco’ de inúmeros momentos de alegria”, relata a descrição desta árvore, no site da competição.

Uma grande azinheira com duas pessoas que passam por baixo
Azinheira de Alportel. Foto: Tracey Smith/ Cristina Matias/Cláudia Guerreiro

Na corrida, entra o “Castanheiro Gigante de Guilhafonso”, da aldeia de Guilhafonso, no concelho da Guarda. Acredita-se que esta “enorme árvore” tem 500 anos de idade. Para abarcar o seu grosso tronco que tem nove metros de perímetro são necessários “muitos braços, pelo menos nove para um bom abraço”. “Há 30 anos foi quase cortado por um madeireiro e há cerca de 20 foi atingido por um raio, sofrendo danos consideráveis.”

Uma árvore de tronco grosso, com as folhas verdes, no meio de um terreno
Castanheiro Gigante de Guilhafonso. Foto: Município da Guarda

No total, há quatro oliveiras em competição – incluindo a “Oliveira dos Faraós”, de Mouriscas (Abrantes), a mais antiga das concorrentes, que tem uma respeitável idade estimada de 3358 anos. Já a “Oliveira de Casais de São Brás”, no concelho de Santarém, com 3000 anos, apresenta três troncos “vigorosos” e “completamente retorcidos”, “com inúmeras cavidades, que ramificam fazendo copa comum, ampla densa e muito frondosa”.

Uma oliveira com o tronco oco, isolada, em destaque numa espécie de elevação rodeada por um murete de pedra
Oliveira dos Faraós. Foto: Eunice Lopes Photography
Uma oliveira com três grossos troncos e oca no meio, junto a uma casa branca
Oliveira de Casais de São Brás. Foto: D.R.

Em Pedras d’El Rei, Tavira, é possível encontrar a “Oliveira Real”, com 2226 anos. “Plantada no tempo dos romanos, é contemporânea de Jesus Cristo, alimentou e alumiou diversos povos que por aqui passaram, muitas foram as batalhas que testemunhou”, recorda a descrição online desta árvore que tem um “grande tronco retorcido”, com uma parte interior que é oca – uma característica pela qual as oliveiras são conhecidas.

Oliveira com um tronco grosso e muito retorcido, cheio de buracos, que parece feito de filigrana
Oliveira real. Foto: Vasco Queiroga

Também no Algarve, em Lagoa, está uma árvore baptizada de “Oliveira Milenar”, com 2000 anos, que “assistiu com certeza às inúmeras disputas entre Lusitanos e Mouros por Silves, antiga capital do Algarve”. Hoje, “empresta a sua sombra a todos os que vêm às provas de vinho que acontecem diariamente no Morgado do Quintão”, uma propriedade de enoturismo.

Uma oliveira com o tronco retorcido. Junto à árvore há uma grande mesa posta, com toalha branca. Vêem-se copos por cima.
Oliveira milenar. Foto: Morgado do Quintão

Mais a norte, em Mangualde, encontra-se o “Plátano do Palácio Anadia”, localizado no centro desse palácio, que “pretendia receber e impactar quem chegava permitindo, igualmente, o descanso dos senhores da casa vindos da caça ou das senhoras que tomavam a fresca do jardim.” Conta hoje com 300 anos de história.

Árvore de grande copa, num pátio cimentado
Plátano do Palácio Anadia. Foto: Ricardo Nunes

Ainda na região de Viseu, está outro concorrente: o “Eucalipto de Contige”, no concelho de Sátão, com um largo tronco de 11 metros de perímetro. “Considerada ‘a maior árvore classificada de Portugal’, pela Universidade de Aveiro, localizada à beira da antiga EN 229, a sua plantação remontará a 1878, quando se abriu a Estrada das Donárias.” O percurso da EN 229 foi desenhado de forma a manter-se esta árvore.

Vê-se o tronco muito grosso de um eucalipto, do qual só a foto só apanhou as folhas de baixo
Eucalipto de Contige. Foto: António José Carvalho

Já no distrito de Braga, em Calvos, no concelho de Póvoa do Lanhoso, pode-se ver o “Carvalho de Calvos”. Este carvalho-alvarinho com 30 metros de altura e 12 metros de perímetro de tronco é apresentado como “o mais antigo carvalho da Península Ibérica e um dos mais velhos da Europa”. “Conta mais de 500 anos a marcar sucessivas gerações de Povoenses que, desde sempre, procuram o deleite das suas sombras.”

Um carvalho com ramos grossos e cheios de folhas verdes
Fotografia antiga do Carvalho de Calvos. Foto: Município da Póvoa de Lanhoso

Mais a sul, no concelho de Mafra, encontra-se o “Metrosídero ou árvore-de-fogo”, localizado na parte sul inferior do Jardim do Cerco. “Conforme descrições históricas, terá sido mandado plantar por D. Fernando II, proveniente das suas expedições marítimas. Serviu de cenário a inúmeras séries televisivas como Morangos com Açúcar, Jardins Proibidos, Madre Paula, e os mais diversos festivais.”

Vê-se o ramo comprido e grosso de uma árvore, num jardim com canteiros de buxo
Metrosídero ou árvore-de-fogo. Foto: Município de Mafra

Até dia 5 de Janeiro, cada pessoa pode votar online em duas das dez árvores que estão a concurso. A árvore que arrecadar mais votos entra depois na edição europeia do concurso ‘European Tree of the Year’, que se vai realizar no primeiro trimestre de 2023 e envolverá 16 países. Em 2018, no primeiro ano de participação, Portugal arrecadou o primeiro lugar com o “Sobreiro Assobiador”

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.