Ganso-do-Egipto. Foto: Andreas Trepte/WikiCommons

Saiba o que a 3ª Semana sobre Espécies Invasoras preparou para lhe mostrar

A 3ª edição da Semana sobre Espécies Invasoras, de 13 a 21 de Maio, está quase à porta e traz mais de 200 actividades por todo o país.

Em Maio, a agenda da natureza está cheia de eventos. Um deles é a Semana sobre Espécies Invasoras (SEI 2023), que acontece de 13 a 21 de Maio em Portugal e Espanha e que junta mais de 180 entidades.

São cerca de 200 actividades distribuídas por todo o território. “Visam sensibilizar o público para esta problemática e pôr em prática medidas preventivas e de controlo das espécies invasoras”, explicam os organizadores da iniciativa, em comunicado.

Há acções de controlo de plantas invasoras – como o chorão-das-praias ou as acácias -, passeios interpretativos da natureza, aulas para ensinar a identificar espécies invasoras, palestras sobre a vespa-asiática ou sobre a invasão dos gansos-do-egipto, entre muitas outras actividades onde poderá participar.

As actividades acontecem de Norte a Sul, em vários distritos como Coimbra, Leiria, Aveiro, Funchal, Bragança, Faro, Braga ou Beja. Mas também há actividades que acontecem através da Internet.

Todas as atividades estão disponíveis nesta plataforma online.

Em Portugal, a SEI 2023 é promovida pela Rede InvECO – Rede Portuguesa de Estudo e Gestão de Espécies Invasoras, associada à Sociedade Portuguesa de Ecologia (SPECO), e pela Plataforma INVASORAS.PT, que inclui investigadores do Centre for Functional Ecology do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra e da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra.

Entre as 180 entidades participantes destacam-se municípios, centros de investigação, ONGA, universidades, projetos europeus, empresas, centros educativos e museus.

Mas o evento conta ainda com os projetos LIFE STOP Cortaderia e LIFE INVASAQUA e o Grupo Especialista em Invasiones Biólogicas, que coordenam a organização em Espanha, e com a participação de mais de 180 entidades de ambos os países.

As espécies exóticas invasoras são umas das principais ameaças à conservação da biodiversidade do planeta, além de causarem importantes impactes económicos na saúde humana. “Apesar disso, tanto as espécies invasoras como os seus impactes e medidas de prevenção continuam a ser pouco conhecidas pela sociedade”, salientaram os organizadores. 

A introdução destas espécies, de forma intencional ou não, está diretamente ligada às atividades humanas. “Uma das principais vias de introdução é o transporte de mercadorias por terra e mar de um extremo ao outro do planeta, como ocorre com o mexilhão-zebra; ou por interesse recreativo, como ocorre com a caça e a pesca, como é o caso do siluro; ou ornamental, como é o caso de muitas plantas utilizadas em jardinagem, como a erva-das-pampas.” 

As espécies invasoras causam impactes económicos. São bem conhecidos os casos da vespa-asiática que diminui a produção de mel, do mexilhão-zebra que afeta as infraestruturas hidráulicas, do jacinto-de-água que diminui a utilização de água ou das acácias que surgem frequentemente nas áreas de produção florestal.

Também há que ter em conta os impactes na saúde humana, devido à transmissão de doenças, como no caso do mosquito tigre ou da alergia que algumas espécies produzem, como o pólen das ervas-das-Pampas ou das acácias e mimosas. 

“A sinergia entre entidades portuguesas e espanholas para organizar este tipo de eventos de grande alcance é essencial para envolver o maior número e diversidade possível de participantes e entidades. Desenvolver a consciência da nossa própria identidade como atores envolvidos na prevenção do problema é essencial para agir”, comentou a equipa de coordenação do LIFE INVASAQUA, na Universidade de Múrcia.

“De facto, muitas das atividades em Portugal são propostas precisamente por membros da Rede InvECO, que apesar de recente, inclui já mais de 260 aderentes sensibilizados para esta temática”, acrescentou Elizabete Marchante, investigadora no CFE – Centro de Ecologia Funcional da Universidade de Coimbra.

A Rede InvECO – Rede Portuguesa de Estudo e Gestão de Espécies Invasoras, fundada no final de 2020 e associada à SPECO, quer reunir numa mesma plataforma investigadores e outros actores da sociedade que lidem com espécies exóticas e invasoras e promover a partilha de conhecimentos e experiências sobre uma melhor gestão nacional das espécies exóticas invasoras.

A Plataforma INVASORAS.PT inclui investigadores principalmente do Centre for Functional Ecology do Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra e da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Coimbra e existe desde 2013. Tem como objetivo alertar para o problema das invasões biológicas, dar a conhecer as plantas invasoras a nível nacional e estimular a participação ativa do público no mapeamento destas espécies e em atividades de controlo e divulgação.

Para tal, criou a plataforma web e várias aplicações de ciência-cidadã, com conteúdos e informação úteis para quem lida com este problema, sejam gestores de áreas invadidas, membros da comunidade científica, professores ou outros cidadãos interessados pelo tema.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.