uma coruja-das-torres em voo
Coruja-das-torres. Foto: Edd Deane/Wiki Commons

Abertas as inscrições para o Festival de Observação de Aves 2018

Anilhar aves, observar golfinhos, procurar fósseis, escutar a migração nocturna das aves e descobrir plantas, libélulas, libelinhas, anfíbios e répteis, tudo em Sagres, de 4 a 7 de Outubro.

 

Para quem gosta de natureza, o início de Outubro é um momento entusiasmante. Milhares de aves estão em plena migração, sendo uma das melhores alturas do ano para as apreciar.

Sagres, no extremo sudoeste de Portugal, é um local de convergência de aves migratórias. E de observadores de aves. No ano passado, cerca de 2.130 pessoas – de 22 países europeus mas também de outros pontos do mundo como a Guiana, Nova Zelândia, China, Filipinas, Colômbia, México e África do Sul – estiveram na oitava edição do Festival, onde foram contadas um total de 169 espécies de aves, de 4 a 8 de Outubro.

De 4 a 7 de Outubro, a 9ª edição do Festival de Observação de Aves & Atividades de Natureza propõe cerca de 200 actividades para não perder este momento especial. Ali estarão reunidas 12 empresas de animação turística, 11 guias em nome individual e 17 entidades, desde autarquias a empresas e organizações não governamentais.

As inscrições abriram a 1 de Agosto. E convém uma inscrição prévia porque há actividades que esgotam rapidamente, em especial “as saídas para observação de aves e as visitas guiadas por especialistas”, explicou hoje à Wilder Joana Domingues, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea). “Normalmente, esgotam aquelas actividades que dão uma oportunidade para irmos ver aves com pessoas conhecidas no meio”, acrescentou.

 

Águia-perdigueira. Foto: Francesco Veronesi/Wiki Commons

 

Tal será o caso de Magnus Robb, ornitólogo britânico que, no dia 5 de Outubro, às 18h00, vai falar no Auditório da Fortaleza de Sagres sobre a migração nocturna das aves e os seus chamamentos. “A migração das aves é um fenómeno maioritariamente noturno”, sendo por isso quase sempre invisível aos nossos olhos. “No entanto, utilizando equipamento de gravação de som, é possível detetar algumas espécies que produzem chamamentos, sendo frequente terem-se grandes surpresas”, segundo o site do Festival. “Observam-se, por exemplo, galeirões e galinhas d’ água em áreas bastante distantes de zonas húmidas, negrolas são detetadas a atravessar grandes extensões de terra e sombrias ocorrem em números muito mais elevados do que as suas observações diurnas sugerem.”

Depois, a partir das 19h15, haverá observação noturna da migração na Fortaleza de Sagres, através do som e de um radar. “Se as condições forem favoráveis é possível ouvir piscos, tordos, papa-moscas ou talvez uma sombria tardia, bem como limícolas e garças”.

Outro tipo de actividades que fazem a preferência dos visitantes são as sessões de anilhagem. Neste Festival haverá anilhagem nos dias 4, 5 e 6, sempre duas vezes ao dia (das 07h30 às 10h30 e das 16h30 às 19h30), com os especialistas Kau, António Marques e Carlos Pacheco.

Além de saídas para observar aves haverá também mini-cursos – como os de ilustração científica de natureza, sobre aves de rapina e sobre anfíbios e répteis do Sudoeste Algarvio -, sessões de monitorização de aves migradoras, palestras e saídas de barco para ver aves marinhas e cetáceos.

As crianças têm uma programação especial. Os mais novos terão oportunidade de construir máscaras de aves, ouvir o conto das Berlengas, descobrir fósseis, serem biólogos marinhos, jogar ao Jogo da Glória das Berlengas e construir binóculos e cadernos de campo com a equipa do Life Rupis, projecto que está a ajudar a proteger o britango e a águia-perdigueira (esta espécie foi a escolhida para ser o destaque do cartaz do Festival) nas Arribas do Douro.

O festival é organizado pela Câmara Municipal de Vila do Bispo, Associação Almargem e Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea).

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Pode inscrever-se aqui e aceder aqui ao programa completo do Festival.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.