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Ana Pêgo sugere dois livros de natureza para o Verão

Os dias compridos do Verão são uma boa altura para conhecer novos livros. A Wilder pediu a vários naturalistas sugestões de obras que os marcaram e vai dá-las a conhecer ao longo das próximas semanas. É que a inspiração é contagiosa.

Ana Pêgo é autora do livro Plasticus maritimus e responsável pelo projecto com o mesmo nome, que tem como principal objectivo combater o lixo e o plástico nos oceanos.

Esta bióloga marinha recorda-nos dois livros ligados ao mundo natural que é impossível deixar na prateleira.

Guia FAPAS: Flora e fauna do litoral de Portugal e da Europa, por Andrew Campbell e James Nicholls

capa do livro

“A primeira vez que contactei com este guia ainda só existia na versão original… Alguns anos mais tarde, acho que em 1994, adquiri o meu já na versão portuguesa. Tenho muitos guias de campo, mas continuo a preferir este!

Embora algumas espécies até já tenham mudado de nome, se tenho q levar um guia de campo para algum lado é este que escolho. Porquê? Pelo formato; por ter uma capa de plástico (ironia!) que lhe dá protecção e que, pela idade, está toda remendada com fita cola; pelo facto de ter ilustrações em vez de fotografias. Adoro fotografia, mas nos guias de campo prefiro ilustrações (sem as distrações do fundo da imagem e por representarem melhor a espécie).

Tenho outros guias mas uns são mais pesados, outros têm as folhas a saltar, outros não têm imagens lá muito boas. Enfim, se estiver em casa, uso-os a todos, até porque comparo muito a informação entre eles. Para sair, levo o velhinho FAPAS.”

Moby Dick, por Herman Melville

“Gosto de tudo neste livro. Para já, sempre gostei de baleias, desde pequena, e ainda gosto (o logo do projecto Plasticus maritimus é uma baleia cor de rosa). Gosto muito da história e de estórias de baleias e de baleeiros – das verdadeiras, como as dos baleeiros dos Açores e de outras partes do mundo, mas também gosto das estórias inventadas.

No Moby Dick, gosto das descrições da vida a bordo e das personagens (o “primitivo” Queequeg, a loucura daquele capitão Ahab e a sua “fixação” pela baleia branca, etc…). E também gosto da história do próprio livro: o facto de só muitos anos mais tarde lhe terem dado importância e de entretanto se ter tornado um clássico da literatura.

Há uns anos, tive uma oficina na Gulbenkian chamada “Moby Dick”. Partíamos do livro para falar sobre baleias e golfinhos e explorar artisticamente o tema. Começou por ser uma oficina de férias (uma semana com o mesmo grupo de crianças dos 8 aos 12) que foi realizada duas vezes no mesmo verão. E correu tão bem que a adaptámos para uma oficina de três horas para ir a escolas. Assim, durante um ano, levei a “Moby Dick” a escolas da região de Lisboa.”


Siga a série As Minhas Leituras e conheça também outros livros naturalistas sugeridos na Wilder, aqui.


Conheça melhor o projecto Plasticus maritimus nestes dois artigos da Wilder (aqui e aqui) e na página do Facebook.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.