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Foto: LeopARTnik/Wiki Commons
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Assista à migração anual de 105 espécies de aves em 19 segundos

A nova versão do EuroBird Portal, lançada na última terça-feira numa conferência internacional em Évora, mostra a distribuição de 105 espécies de aves em mapas semanais animados, desde Janeiro de 2010 até ao dia mais recente.

 

Este portal é um dos principais projectos do European Birds Census Council (EBCC), que esta semana realiza na Universidade de Évora a conferência “Bird Numbers 2019: counting birds counts”.

O objectivo do EuroBird Portal é apresentar em tempo real os registos de 105 espécies de aves inseridos em diferentes plataformas online, como por exemplo o eBird. De acordo com o EBCC, esta parceria inclui actualmente 81 instituições de 29 países diferentes.

“Os dados disponíveis nas plataformas que são parceiras deste projecto dizem respeito a cerca de 40 milhões de registos de aves por ano, feitos por mais de 100.000 utilizadores activos”, indicou à Wilder João Eduardo Rabaça, ligado à Universidade de Évora, e um dos organizadores da conferência.

Estes registos, muitos deles obtidos através de ciência cidadã, são agregados por semana em quadrículas de 30 quilómetros quadrados, resumindo informação sobre o número de observações, o número de aves contadas e até mesmo dados ligados aos esforços envolvidos no registo da uma espécie, como por exemplo o número total de observadores.

Assim, quem espreitar a nova versão do portal – baptizada de versão ‘LIVE’ – pode assistir a uma sequência animada de mapas que mostram por exemplo onde foi observada uma determinada espécie ao longo do último ano. É possível ver um mapa europeu de registos de cada uma das últimas 52 semanas – mas também se pode fazer ‘zoom’ do território – com dados disponíveis até ao próprio dia da consulta.

Na velocidade normal, a visualização das 52 semanas de um ano demora apenas 19 segundos. Mas é possível fazer pausa ou assistir à sequência de mapas numa velocidade muito mais rápida ou mais lenta, neste último caso demorando já quase o dobro do tempo.

 

Por onde andaram as andorinhas?

Por exemplo, as primeiras andorinhas-das-chaminés (Hirundo rustica) deste ano chegaram a Portugal logo em Janeiro, quando o EuroBird Portal mostra registos da espécie por toda a metade sul do país. Em Março passado, já andavam por todo o território continental português, e também pela França, Reino Unido e alguns outros países europeus.

 

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Foto: LeopARTnik/Wiki Commons

 

No entanto, os habitantes do sul da Noruega e da Suécia tiveram de ser mais pacientes: só começaram a registar observações de andorinhas praticamente na última semana, como se consegue ver nos mapas.

E se tudo acontecer como há um ano, durante as próximas semanas estas andorinhas vão chegar também mais ao norte da Escandinávia, começando a partir para África entre o final de Agosto e as primeiras semanas de Setembro.

O portal europeu mostra estas e outras informações para 105 espécies de aves, como o cuco ou o milhafre-real, incluindo ainda as temperaturas médias e máximas e também os níveis de precipitação em cada uma das quadrículas do mapa, ao longo das semanas. É possível seleccionar também, por exemplo, os mapas semanais de um “ano natural” para uma espécie, de Janeiro a Dezembro, ou então comparar a distribuição de duas espécies diferentes, lado a lado.

 

Milhafre-real (Milvus milvus). Foto: Hansueli Krapf/Wiki Commons

 

“Todo o conteúdo do portal LIVE vai ser actualizado diariamente, assegurando assim que mesmo os mais recentes movimentos de aves que têm lugar na Europa podem ser vistos através dos mapas”, anunciou recentemente o EBCC.

“Estão disponíveis no total cerca de 44.000 mapas semanais, mas como podemos visualizar dois mapas ao mesmo tempo, são possíveis mais de 30 milhões de combinações de mapas diferentes.”

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Consulte aqui toda a informação sobre a conferência “Bird Numbers 2019: counting birds counts”, que está a decorrer em Évora esta semana.

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.