Foto: janeb13/Pixabay

David Attenborough: “A life on our planet” chega à Netflix

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Um único homem viu mais do mundo natural do que qualquer outro. Este documentário, que chega à Netflix a 4 de Outubro, é o testemunho de David Attenborough. E a sua visão para o futuro.

Hoje com 94 anos, Sir David Attenborough visitou todos os continentes e explorou os lugares selvagens do nosso planeta, para mostrar as maravilhas do mundo natural em toda a sua variedade e esplendor.

“O mundo vivo é uma maravilha única e espectacular”, diz David Attenborough no documentário de 1h23 minutos.

David Attenborough na Grande Barreira de Coral, Austrália. Foto: Wiki Commons

Agora, e pela primeira vez, o naturalista britânico com 60 anos de carreira, reflecte sobre os momentos que definiram a sua vida enquanto apaixonado pela natureza e sobre as alterações devastadoras que viu.

“Tenho 94 anos. Tive uma vida extraordinária. Só agora me apercebo do quão extraordinária foi”, diz Sir David.

“Quando era jovem, sentia que estava lá fora, na natureza selvagem, a experienciar o mundo natural intocado. Mas era uma ilusão. A tragédia dos nossos tempos tem vindo a acontecer à nossa volta, quase imperceptível no quotidiano: a perda dos lugares selvagens do nosso planeta e da sua biodiversidade.”

“Estamos a substituir o selvagem pelo domesticado” e a “forma como vivemos na Terra está a fazê-la entrar em declínio”, alerta.

David Attenborough: A life on our planet” (“David Attenborough: Uma vida no nosso planeta“, em Português) “é um testemunho poderoso, em primeira mão, do impacto da humanidade na natureza e uma mensagem de esperança para as gerações futuras”, segundo uma nota da produtora Silverback Films.

O documentário, produzido pela Silverback Films e pela WWF para a Netflix, começa com Tchernobyl, na Ucrânia, e passa por inúmeros locais do planeta onde Attenborough filmou com gorilas da montanha, albatrozes ou preguiças.

Longe de ser apenas um olhar para o passado, este documentário “é a minha visão para o futuro”, disse Attenborough. É a “história de como viemos a fazer deste o nosso maior erro e de como, se agirmos agora, ainda o podemos corrigir”.

Para Sir David Attenborough, a solução está, em grande medida, na recuperação da biodiversidade através da renaturalização, a fim de repor o equilíbrio dos ecossistemas que sustentam o planeta.

Sir David quebra recorde no Instagram

O naturalista britânico quer passar esta mensagem ao maior número possível de pessoas. Por isso, também lança agora o livro “A Life On Our Planet, com o mesmo nome do documentário, e a sua primeira conta na rede social Instagram. Este foi um primeiro passo fora dos meios que lhe são familiares, a rádio e a televisão, para tentar chegar a um público mais jovem.

O primeiro post, um vídeo, foi publicado a 24 de Setembro e, em apenas menos de cinco horas, bateu o recorde do Instagram para o mais rápido a conseguir um milhão de seguidores, ultrapassando as contas do Papa Francisco, de David Beckham e de Jenifer Aniston, anteriores “recordistas”.

O vídeo de apresentação tem mais de 17 milhões de visualizações.

Para o naturalista britânico, este feito enche-o de esperança para o futuro, num cenário de “destruição da natureza” e de ameaça de uma emergência climática irreversível, contou ao jornal Washington Post.

Hoje, o Instagram de Sir David tem mais de 5,4 milhões de seguidores.

“É o seu mundo e o seu futuro”, disse à BBC, referindo-se aos jovens. “Eu não estarei cá, eles estarão. O planeta é deles e se eles não forem convencidos de que é importante, então estamos a perder o nosso tempo.”

“Sinto-me honrado por terem ouvido um tipo velho como eu a falar.”

Keith Scholey, produtor executivo na Silverback Films, tem trabalhado com Sir David Attenborough em vários projectos ao longo dos anos. Mas colaborar neste documentário foi um “verdadeiro privilégio”, disse citado pela WWF. “Hoje, aos 94 anos, o seu conhecimento e perspectiva do mundo natural continuam tão relevantes e acarinhados como da primeira vez que mostrou pangolins e preguiças ao público britânico na televisão. Este novo documentário irá reunir esses momentos históricos às suas opiniões sobre os problemas actuais que o nosso mundo natural enfrenta e como os podemos resolver.”

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.