Pisco-de-peito-ruivo. Foto: Simonetta_78/Pixabay

Este fim-de-semana abra as janelas e acorde com o coro das aves ao amanhecer

Este domingo, 3 de Maio, é o Dia Internacional do Coro das Aves ao Amanhecer, um dia para celebrar o canto de inúmeras espécies quando o dia começa. Nestes dias de confinamento social, apenas precisa de abrir a sua janela para apreciar este fenómeno natural.

 

Apesar de o coro das aves ao amanhecer se prolongar por Junho, este dia é uma forma de celebrar esta maravilha diária.

Começando cerca de duas horas antes do nascer do Sol, as aves aproveitam o silêncio e a calma à sua volta para cantar e atrair um parceiro ou para defender o seu território. Normalmente, este fenómeno prolonga-se até cerca das 07h00.

 

Carriça. Foto: Keith Gallie/Wiki Commons

 

Essa é uma das melhores alturas do dia para ouvir aves, especialmente na Primavera e no Verão. Empoleiradas em ramos, em voo ou à procura de alimento entre as ervas, as aves aproveitam o silêncio das cidades para se fazerem ouvir sem gastarem tanta energia.

Mesmo que não tenha um jardim ainda assim pode apreciar estes sons, especialmente com a actual redução da poluição sonora nas cidades. Talvez até consiga ouvir as aves migradoras que estão a chegar e que voaram centenas de quilómetros para chegar a Portugal, como as andorinhas e andorinhões chegados de África.

 

Andorinhões-pretos. Foto: Keta / Wiki Commons

 

As aves mais madrugadoras são os melros, os piscos-de-peito-ruivo, as toutinegras ou as carriças. São das primeiras aves a acordar, quando da escuridão da noite começa a surgir uma claridade ténue.

Um pouco mais tarde, juntam-se os pintassilgos, tentilhões e chamarizes. E aos primeiros raios de Sol, chegam as andorinhas e andorinhões a voar, velozes, em acrobacias à caça de insectos, por entre as árvores e prédios.

Magnus Robb, ornitólogo britânico especializado no canto das aves selvagens, indicou à Wilder, anteriormente, algumas espécies que a maioria das pessoas provavelmente podem ouvir a partir de casa, nesta época do ano: melro, rabirruivo-preto, toutinegra-de-barrete-preto, pardal-comum e verdilhão.

 

Pardal-comum. Foto: Tim/Pixabay

 

De acordo com este perito, “nesta época do ano os cantos das aves são bem mais frequentes e elaborados. Estamos a chegar à melhor altura em termos de variedade e intensidade.”

O Dia Internacional do Coro das Aves ao Amanhecer (Dawn Chorus International Day) realiza-se no primeiro domingo de Maio desde os anos 1980, quando o naturalista britânico Chris Baines organizou o primeiro evento para celebrar o seu 40º aniversário. Pediu aos seus amigos para chegarem às 04h00 para poderem apreciar juntos o canto das aves. Desde então, a iniciativa é celebrada nos quatro cantos do planeta.

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Ouça aqui o canto das aves ao amanhecer, numa manhã de Primavera em Lisboa.

Saiba aqui que sons de aves pode ouvir a partir de casa e o que querem dizer.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.