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Este livro ajuda a identificar os animais selvagens da Tapada da Ajuda

O esquilo-vermelho, o chapim-azul e o guarda-rios são apenas algumas das 130 espécies de aves, mamíferos, répteis e anfíbios do Guia de Fauna da Tapada da Ajuda. O livro foi lançado este mês para nos ajudar a identificar os animais selvagens deste espaço verde em Lisboa.

 

Os 100 hectares da Tapada da Ajuda, em Lisboa, albergam uma biodiversidade rica que Diogo Oliveira descobriu nos passeios que dava entre as aulas, na altura em que frequentava a licenciatura em Biologia no Instituto Superior de Agronomia (ISA).

“A ideia surgiu nessa altura mas só quando terminei o mestrado em Biologia de Conservação pela Universidade de Évora é que tive disponibilidade para avançar com este projecto”, explicou o autor do Guia de Fauna da Tapada da Ajuda à Wilder.

O livro, que teve a ajuda de alguns professores do ISA e da Faculdade de Ciências, ajuda qualquer pessoa a identificar 130 espécies de animais selvagens que se podem observar na Tapada da Ajuda.

Nas suas páginas estão mais de 250 fotografias e descrições de várias espécies que ocorrem em Portugal e que podem ser observadas naquele espaço, onde se incluem 78 aves, 18 mamíferos, 16 répteis, 10 anfíbios, para além de oito exóticas. Entre as espécies que Diogo Oliveira mais gosta de observar na Tapada estão a cobra-de-ferradura (Hemorrhois hippocrepis), o mocho-galego (Athene noctua) e o esquilo-vermelho (Sciurus vulgaris). “Este pequeno mamífero pode ser observado a trepar às árvores um pouco por toda a Tapada.”

Segundo Diogo Oliveira, que também é fotógrafo de natureza e vida selvagem, o grande objectivo é “proporcionar aos alunos do Instituto e aos visitantes da Tapada um suporte que possam utilizar para identificar as espécies que observem nos seus passeios”. “Este livro destina-se a todos os amantes da natureza, aos alunos do instituto que queiram aprender mais sobre os animais que habitam o espaço da Tapada, aos iniciantes na observação de fauna e que gostem de visitar espaços verdes da cidade, aos visitantes da Tapada, a todas as famílias que procurem atividades para os seus tempos livres, mas também aos turistas que visitam a cidade de Lisboa, isto porque o livro é bilingue (português-inglês).”

 

 

O levantamento das 130 espécies foi feito através de uma análise aos dados existentes. “No período de tempo disponível para a edição do guia era impossível realizar monitorizações exaustivas. Por isso recorremos a dados pré-existentes para a Tapada da Ajuda para determinar quais as espécies a selecionar para o guia e que podem ser observadas”, explicou.

A Tapada surgiu como um local com “elevada biodiversidade”. “Atingir as 130 espécies revelou-se uma surpresa enorme, em especial para um local no centro da cidade de Lisboa.”

Ainda assim, o guia não pretende ser exaustivo. Ainda faltam registar, por exemplo, o grupo dos insectos. De acordo com Diogo Oliveira, este grupo tem uma “grande presença na Tapada da Ajuda”. De tal forma que acredita que os insectos “merecem um livro dedicado exclusivamente a eles”. O biólogo salientou também que a flora “merece um destaque importante devido à grande variedade de espécies existentes, incluindo várias espécies exóticas de extrema raridade”.

O guia surge numa altura em que se assiste a um “aumento do interesse do público por matérias relacionadas com a natureza”, segundo o biólogo. As pessoas usam mais os espaços verdes urbanos “seja para praticar desportos de lazer, para simples passeios em família ou para procurar o contacto com a natureza, saindo das rotinas e do stress das cidades”.

 

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O guia estará à venda na Agrolivro que se situa no Edifício Principal do Instituto Superior de Agronomia por 25€.

Caso não se possa deslocar à Tapada em Lisboa para adquirir o livro poderá enviar um email para [email protected] ou contactar através do número 21.365.33.05 e o mesmo será enviado por correio.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.