/

Livro sobre aves marinhas vence prémio britânico de literatura de natureza

O anúncio foi feito ontem à noite. O escritor naturalista Adam Nicolson venceu o Wainwright Book Prize com The Seabird’s Cry, um livro que celebra o fantástico mundo das aves marinhas, como os papagaios-do-mar, mas que traz também um aviso sobre o seu rápido declínio.

 

The Seabird’s Cry é um celebração às aves marinhas, as únicas criaturas que chamam casa ao mar, à terra e ao ar. Neste livro é dedicado um capítulo a dez espécies diferentes – como o ganso-patola, o airo ou o papagaio-do-mar -, cada uma ilustrada por Kate Boxer.

Adam Nicolson acompanhou as aves marinhas nas zonas costeiras e ilhas da Escócia, Irlanda, Islândia, Noruega e Américas. Nas suas viagens recolheu vários dados, por exemplo sobre a forma como os seus corpos funcionam e sobre as suas capacidades de orientação, quer para descobrir alimento ou para regressar a casa.

 

 

Neste livro, Adam Nicolson deixa um aviso alarmante sobre o rápido declínio das populações das aves marinhas, com quebras até dois terços desde os anos 1950. O autor sugere que algumas espécies podem mesmo desaparecer durante este século.

O anúncio do vencedor deste ano do Wainwright Golden Beer Book Prize foi feito ontem à noite no National Trust Theatre em Blenheim Palace, Oxfordshire, pelo Secretário de Estado para o Ambiente, Michael Gove, e pela apresentadora da BBC Countryfile, Ellie Harrison.

“Este livro espantoso mostra-nos o mundo através dos olhos e das vidas de dez aves marinhas”, conta a presidente do júri, Julia Bradbury, em comunicado. “É quase magnética a narrativa de Adam sobre as histórias cativantes e sobre as vidas destas aves, a par de dados de investigação científica.” Ainda assim, “é tenebroso descobrir as implicações da tragédia que estão a viver”.

 

 

O júri considerou que este livro é um verdadeiro vencedor, uma obra “apaixonante que celebra o mundo natural de uma forma que entusiasma e maravilha tanto os amantes da natureza como os dos livros”.

Em comunicado, acrescenta que “o objectivo deste prémio é entusiasmar e encorajar as pessoas a sair para a natureza e a aprecia-la. The Seabird’s Cry é um apelo único que demonstra a necessidade urgente para aliviarmos o impacto humano no mundo natural”.

Adam Nicolson escreveu ontem na sua conta no Twitter que “o conhecimento partilhado é a única ponte possível entre a extinção e a indiferença. Já perdemos tanto, porque apenas os peritos estavam a prestar atenção”.

The Seabird’s Cry foi o escolhido de entre esta lista de nomeados para a edição de 2018:

The Last Wilderness por Neil Ansell (Tinder Press)

Hidden Nature por Alys Fowler (Hodder & Stoughton)

Outskirts por John Grindrod (Sceptre)

The Dun Cow Rib por John Lister-Kaye (Canongate)

The Lost Words por Robert Macfarlane e Jackie Morris (Hamish Hamilton)

The Seabird’s Cry por Adam Nicolson (William Collins, HarperCollins)

The Salt Path por Raynor Winn (Michael Joseph)

O júri atribuiu ainda menções honrosas aos livros The Lost Words e The Salt Path.

O vencedor desta edição recebe um prémio de 5.000 libras (cerca de 7.000 euros), financiado pela Wainwright Golden Beer.

Em 2017, o grande vencedor foi John Lewis-Stempel com Where Poppies Blow, um livro que revela como o mundo natural ajudou as tropas inglesas durante a I Guerra Mundial.

Celebrando o legado do escritor naturalista britânico Alfred Wainwright, este prémio reflecte os seus valores, nomeadamente o inspirar as pessoas para explorar a natureza e promover o respeito e admiração pelo mundo natural.

 

[divider type=”thick”]

The Seabird’s Cry

Por Adam Nicolson

HarperCollins

Data de publicação: Junho 2017

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.