Inaugurada exposição sobre tesouros minerais do fundo do mar português

Uma chaminé hidrotermal com 400 quilos, retirada do oceano Pacífico, e um veículo submarino autónomo (AUV) fazem parte da exposição “Mar Mineral”, que pode ver a partir de hoje no Museu Nacional de História Natural e da Ciência, em Lisboa, e onde poderá descobrir como pode Portugal explorar os minerais do fundo do mar de forma responsável.

 

Nos fundos marinhos de Portugal existem hidratos de gás, cobalto, terras raras e ítrio, recursos minerais que estão no centro de um novo tipo de exploração oceânica. As suas utilizações são várias, desde o fabrico de telemóveis e computadores a tratamentos anticancerígenos. O país terá 3.800.000 quilómetros quadrados por explorar, ou seja, mais de 97% do território emerso.

Esta exposição, inaugurada a 13 de Julho e de longa duração, quer mostrar o potencial submarino português, desafiando os visitantes a uma descida ao fundo do mar.

O comissário científico da mostra, Fernando Barriga – professor catedrático em Geologia da Universidade de Lisboa – explica que “na crista média atlântica temos uma região com 3.000 metros de comprimento por 40 quilómetros de largura onde há boas hipóteses de encontrar sulfuretos maciços oceânicos a sul dos Açores”. A norte há a possibilidade de serem descobertos jazigos minerais. Além disso, “conhecem-se ocorrências mais modestas mas que têm de ser estudadas, de crostas e nódulos polimetálicos e de hidratos de gás”.

A atestar a riqueza que pode existir no fundo do mar estão peças autênticas, recolhidas a mais de 1.500 metros de profundidade. Entre elas está uma chaminé hidrotermal com 400 quilos retirada do oceano Pacífico, várias chaminés do mar dos Açores, duas pequenas chaminés do Árctico, minérios e minerais da Faixa Piritosa Ibérica e um veículo submarino autónomo (AUV) do Instituto Superior Técnico.

 

Foto: Museu Nacional de História Natural e da Ciência

 

Mas como fazer uma exploração responsável? A exposição surge para tentar dar uma resposta, através de peças autênticas, vídeos, textos e gráficos.

Na verdade, esta mostra é o resultado do projecto europeu Blue Mining, que reúne 19 parceiros de seis países. Fernando Barriga explicou, em comunicado, que este projecto “é um grande esforço europeu no sentido de colmatar uma grave lacuna no fornecimento de matérias-primas à Europa”. Actualmente, a União Europeia “utiliza uma quantidade muito maior de recursos naturais do que aqueles que produz” e no continente europeu, em terra, é fraca a probabilidade de se encontrar mineralizações significativas.

Mas esta nova exploração dos oceanos tem de conjugar a indústria e o ambiente. “Para ir para o fundo do mar é preciso tecnologia de extracção e é preciso proteger o ambiente”, disse Fernando Barriga. Na sua opinião, a mensagem da exposição é, quando chegar a altura, “temos de estar preparados para a mineração submarina, de uma forma responsável e sem pegada… ou quase”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.