Polje. Foto: Luís Afonso

Lançado livro de fotografia de paisagens de Portugal

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O fotógrafo de natureza Luís Afonso lançou recentemente “Casa”, um livro de fotografia de paisagens de quatro locais belíssimos de Portugal.

Os livros de fotografia ocupam um lugar de destaque na vida de Luís Afonso, fotógrafo de natureza. A sua colecção, com quase 200 livros, continua a crescer. “O livro é o lugar certo para se descobrir a fotografia de um determinado autor, para descobrir o que nos quer dizer, para contemplar algo que foi pensado para ser mostrado a alguém”, conta à Wilder.

Depois de quase 15 anos a fotografar paisagem considerou que estava na hora de publicar um livro.

Luís Afonso. Foto: D.R.

“A ideia andava a ser amadurecida há alguns anos” até que, no ano passado, decidiu avançar.

Em 120 fotografias, Luís Afonso empresta-nos o seu olhar para conhecermos quatro locais: Moledo do Minho, Polje de Mira-minde em pleno Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, Covão d’Ametade na Serra da Estrela e a ilha do Porto Santo.

Polje de Mira Minde. Foto: Luís Afonso

O livro está organizado em quatro capítulos, um dedicado a cada local com o qual Luís Afonso tem uma relação privilegiada: a praia de Moledo do Minho (onde passou todos os Verões da sua infância e adolescência), Porto Santo (onde passou muitas das férias de adulto), o Covão d’Ametade (onde começou o seu projecto de formação em fotografia) e o Polje de Mira-Minde (onde fotografa frequentemente há quase uma década).

“Este livro marca um ponto parágrafo na minha história como fotógrafo de paisagem natural. Num tema que me é muito caro, é um marco que eu queria colocar em livro, para que ele fosse efetivado e possa passar para o próximo”.

Além disso, Luís Afonso quis mostrar as fotografias “com a ordem certa, a cor certa, o papel certo”. Para este fotógrafo, “o livro deve ser uma experiência, um objeto que se acarinha e foi isso que tentei fazer”.

O seu objectivo é “mostrar às pessoas aquilo que eu sou quando estou nos lugares que considero serem a minha ‘casa’, ou seja, lugares com os quais tenho uma relação de admiração profunda”.

As fotografias do livro “são a minha forma de ver os locais, são respostas emocionais à minha presença nesses sítios num determinado dia das nossas vidas (minha e dos locais). É uma obra de autor e não uma obra sobre os locais”.

Porto Santo. Foto: Luís Afonso

Luís Afonso fez este livro a pensar nas pessoas que gostam de fotografia, de natureza, da paisagem e de arte e para quem se identifique com os quatro locais retratados.

“São todos locais que eu já visitei dezenas de vezes e onde fiz mais de um milhar de registos em cada um. O que proponho a quem vê o livro é que se deixe guiar pelas imagens que, ao longo do tempo, fui fazendo desses lugares, sem legendas, sem distrações: apenas imagens.”

No início de cada capítulo há uma pequena introdução que pretende contar ao leitor o porquê de aquele lugar ser a sua “casa”.

Moledo do Minho. Foto: Luís Afonso

A juntar a estes quatro capítulos podemos encontrar um prefácio escrito por uma das fotógrafas de paisagem mais importantes da atualidade, a espanhola Isabel Díez, e uma introdução escrita por Luís Afonso que explica o que significa fotografar perto de casa.

Luís Afonso é um defensor do fotografar perto de casa de forma repetida e com um propósito de expressão pessoal. “O facto de fotografarmos em locais que nos dizem algo e aos quais podemos voltar uma e outra vez permite-nos olhar para os mesmos com um sentimento diferente do deslumbre”, explica à Wilder.

“Passadas algumas sessões de campo, já sabemos onde estão os ‘cantos da casa’ e podemos concentrar-nos em explorar os seus recantos, os seus detalhes sem o olhar turvado do que é novo.”

Segundo Luís Afonso, “isso permite que a nossa fotografia seja diferente e que nos debrucemos em mostrar, nessas fotografias, aquilo que somos no temperamento especial dos locais que só conseguimos ver e sentir quando passamos tempo suficiente entre eles”.

Além disso, há a componente ambiental. “Ao fotografarmos perto de casa, reduzimos muito a nossa pegada ecológica, pois as distâncias são curtas e quando vamos é para ficar. Depois, ao criarmos laços com os lugares há uma forte probabilidade – como acontece comigo – de nos apaixonarmos pelos mesmos e participarmos de forma ativa na sua preservação.”


“Casa”

Por Luís Afonso

Obra de autor

Data de publicação: Outubro de 2020

Preço: 45€

Onde pode ser adquirido: aqui


Descubra mais sobre o trabalho de Luís Afonso, aqui e aqui.


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Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.